O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, April 07, 2006

Leitura Matinal -319

A auto-suficiência do amor elimina o ridículo que encerraria por
uma estrada de dois sentidos em que se pode ver circular. Foi, num, o recurso a uma multiplicação da unidade criando dois irmãos, Eros e Antheros, para encarmarem mitologicamente os dois tipos do lance amoroso. O essencial está em não esquecer um em função do outro, como tantas vezes acontece. Mas, do outro lado da estrada, há o movimento contrário,
de fusão do múltiplo em um, aquele que obriga a pensar o Nós, em vez do pobre eu. Só assim fará sentido descobrir, sem rendição aos instintos exclusivistas que amesquinham e reduzem. Nessa assombrosa percepção perde terreno o pensar como alternativa do amar, pois se é certo que este se sente sempre demasiado cheio para matutar com distância e perseverança,
descartando a identificação do falso e o arrependimento para o âmbito de ocupação do primeiro, na medida em que pense prioritariamente o ser amado, e a felicidade deste, acaba por se tornar sinonímico da via verde que ignore a criação de obstáculos mentais, transformados em cemitério dos azares individuais, fruto dos muitos talismãs que atirámos para trás das costas, sem que se desse continuidade aos desejos que, eventualmente, se haja formulado.
De Beatriz Branco:


1. não chegámos a nós. não chegámos ainda.

2. ser é tornar-se

3. e é em nós que este mundo se faz. que este mundo se muda.
e é em nós
a viagem começa onde temos os pés.

4. como a cor se desdobra em pétalas irmãs
que se cumprem unidas numa só flor que vês
re-une em ti as pétalas da vida

aprende-te. ama. e vive como és.

5. mais difícil a face que o dsfarce.

mas sejamos amigo capazes de (ns) ver.
quem procura o prazer procura a dor.
E o medo de perder.
que o desejo é do tempo. mas o amor
esse cresce e se acende como um deus
ah de coisa nenhuma

6. amar é acertar. é a pensar que erramos.
ricos de ideias pobres de vida nos separamos

Irmão se pomos muros
a rosa a quem damos?


Ladeado por «A Lovely Thought», para cujo duplo sentido
chamo a Vossa atenção, de Daniel Ridgway Knight, uma
imagem do erro, que se espera provisório e «Muro Antigo»,
de Philip Guston.

2 Comments:

  • At 5:21 PM, Blogger Jansenista said…

    O quadro de cima é um espanto, mas não vejo duplo sentido...

     
  • At 8:55 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Qual elimina? A moçoila como Sujeito ou Objecto do pensamento amoroso?
    Eu não consegui cortar qualquer deles.
    Ab.

     

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