Bestialidades
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Não gosto do hábito de pregar mentiras a 1 de Abril por três razões: acho um sentido de humor um tanto atrofiado a diversão que consista em enganar o Próximo. Constato cada vez mais o carácter pleonástico do esforço das pessoas para se tornarem más; e, recenseando a frequência de verdades e mentiras ditas nos mais variados dias do ano, não encontro diferença assim tão grande para o hábito expresso na data em que hoje, novamente, estamos. Assim, em vez de Vos pregar uma peta, deixo, de boa fé, algumas linhas sobre o folclore do momento. A coisa tem raízes na Escócia, e a partir daí espalha-se para o Mundo Anglo-Saxónico, onde é associada ao cuco. Neste Dia dos Tolos, como lhe chamam, era costume rir a bandeiras despregadas com a comissão da entrega de uma missiva a destinatário longinquamente situado, sendo que, ao chegar ao destino, a abertura da carta, revelava, inscito, o gozo seguinte:
«Hoje é Primeiro de Abril
Continua a caçar o cuco por mais uma milha».
Uma espécie de caça aos gambosinos, portanto, que procura antepassado ilustre na ideia de que teria sido a 1 de Abril que Jesus Cristo teria andado de Anás para Caifás e, repetidamente, entre Herodes e Pilatos, uma suprema tolice, com efeito.
Os investigadores mais conscienciosos dizem que o hábito vem de França, onde ainda hoje a garotada gosta de colar nas costas dos incautos a figura de um peixe, donde o Poison d´Avril. Durante muito tempo referiu-se que seria um sublinhado da falsa comemoração do primeiro dia do ano, desde que, no Século XVI, ele teria, pela adopção do calendário gregoriano, passado para 1 de Janeiro, O peixe, sempre pequeno, indicaria a facilidade com que se deixavam apanhar na rede da pequena vigarice os ingénuos. Mas, como estava comprovado o hábito em épocas mais remotas, retroagiu-se ao Século XI o costume, a uma representação enviada ao Rei pelos janeirísticos partidários, que, puritanos, não gostavam da ideia de ver começar o ano no mês de Afrodite, tida por lúbrica... No combate cultural que se seguiria, como por aquelas terras era costume trocar presentes no dia inaugural, os mesmos teriam começado a enviar aos renitentes à mudança, muito bem embrulhadinho... um peixe, o que os defraudaria.
Há ainda quem diga que tudo radica em ser o dia final das comemorações da semana do equinócio, que se iniciariam a 25 de Março. E os que defendem a pés juntos que a coisa se deve a Noé ter libertado a pomba da arca para que verificasse se o dilúvio já tinha dado as últimas, o que se revelou tola tarefa pelo resultado negativo. Como a Cerealia romana, ou os Mistérios de Elêusis, com Proserpina também reivindicam a paternidade do costume.
Impõe-se pois concluir que todas as razões parecem boas para praticar o Mal.
Não gosto do hábito de pregar mentiras a 1 de Abril por três razões: acho um sentido de humor um tanto atrofiado a diversão que consista em enganar o Próximo. Constato cada vez mais o carácter pleonástico do esforço das pessoas para se tornarem más; e, recenseando a frequência de verdades e mentiras ditas nos mais variados dias do ano, não encontro diferença assim tão grande para o hábito expresso na data em que hoje, novamente, estamos. Assim, em vez de Vos pregar uma peta, deixo, de boa fé, algumas linhas sobre o folclore do momento. A coisa tem raízes na Escócia, e a partir daí espalha-se para o Mundo Anglo-Saxónico, onde é associada ao cuco. Neste Dia dos Tolos, como lhe chamam, era costume rir a bandeiras despregadas com a comissão da entrega de uma missiva a destinatário longinquamente situado, sendo que, ao chegar ao destino, a abertura da carta, revelava, inscito, o gozo seguinte:
«Hoje é Primeiro de Abril
Continua a caçar o cuco por mais uma milha».
Uma espécie de caça aos gambosinos, portanto, que procura antepassado ilustre na ideia de que teria sido a 1 de Abril que Jesus Cristo teria andado de Anás para Caifás e, repetidamente, entre Herodes e Pilatos, uma suprema tolice, com efeito.
Os investigadores mais conscienciosos dizem que o hábito vem de França, onde ainda hoje a garotada gosta de colar nas costas dos incautos a figura de um peixe, donde o Poison d´Avril. Durante muito tempo referiu-se que seria um sublinhado da falsa comemoração do primeiro dia do ano, desde que, no Século XVI, ele teria, pela adopção do calendário gregoriano, passado para 1 de Janeiro, O peixe, sempre pequeno, indicaria a facilidade com que se deixavam apanhar na rede da pequena vigarice os ingénuos. Mas, como estava comprovado o hábito em épocas mais remotas, retroagiu-se ao Século XI o costume, a uma representação enviada ao Rei pelos janeirísticos partidários, que, puritanos, não gostavam da ideia de ver começar o ano no mês de Afrodite, tida por lúbrica... No combate cultural que se seguiria, como por aquelas terras era costume trocar presentes no dia inaugural, os mesmos teriam começado a enviar aos renitentes à mudança, muito bem embrulhadinho... um peixe, o que os defraudaria.
Há ainda quem diga que tudo radica em ser o dia final das comemorações da semana do equinócio, que se iniciariam a 25 de Março. E os que defendem a pés juntos que a coisa se deve a Noé ter libertado a pomba da arca para que verificasse se o dilúvio já tinha dado as últimas, o que se revelou tola tarefa pelo resultado negativo. Como a Cerealia romana, ou os Mistérios de Elêusis, com Proserpina também reivindicam a paternidade do costume.
Impõe-se pois concluir que todas as razões parecem boas para praticar o Mal.
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