Leitura Matinal -313
Tanto ou mais quanto a preocupação de delimitar a sinceridade nos
produtos da arte, quais «fingidores que fingem tão completamente...», a imagem do intérprete que, no palco, dá vida a pré-definidas tipologias espirituais e às suas expressões exteriores é a imagem mais perfeita para transmitir a angústia da falta de autenticidade que toma conta de espíritos revoltados contra a própria capacidade de afirmar o mundo psíquico que os individualiza.
Entre a arte que capta a realidade a partir da sombra dela, ocupando desta o lugar, em acto contínuo - e a sua filha, que se candidata como preenchimento de uma res nullius constituída pelos traços diferenciadores -, aloja-se o drama de quem porfia em não perturbar as expectativas da vida em sociedade que desenvolve,
para tanto abdicando da autenticidade própria, em proveito exclusivo do cumprimenrto da sua parte no script. Mas nas alturas de crise é sempre possível o despertar do conflito até aí latente entre a cor que define e aquela cuja exibição é habitual, no fito de garantir a tranquilidade em volta. É a descoberta da solidão própria sobrepondo-se às solidões convencionais da representação, que simulam dissolver-se no convívio. Princípio do desastre, ou resignada constatação, mais do que dos temperamentos, dependerá da coincidência do estado de alma/pano de fundo com o momento do vislumbre.
De Nana Issaia:
REPERTÓRIO
Não sou suficientemente real.
...As minhas várias máscaras provam
............que de vacto me falta um rosto.
......................Como se num jogo de sombras
..........tudo o que tivesse para oferecer fosse um acto.
.....Em várias partes.
A arte é o meu elemento.
......Emoções modelo.
.........Que adorável repertório
............de antigos sorrisos e monólogos.
.........................Solidões e estilos.
Fingindo com «Máscaras», de Jamie J. Rice,
«Mulher Sem Rosto com Vestido Azul», de
Carrie Serwetnyk e «Actriz de Vermelho Frente
ao Espelho», de Everett Shinn.
produtos da arte, quais «fingidores que fingem tão completamente...», a imagem do intérprete que, no palco, dá vida a pré-definidas tipologias espirituais e às suas expressões exteriores é a imagem mais perfeita para transmitir a angústia da falta de autenticidade que toma conta de espíritos revoltados contra a própria capacidade de afirmar o mundo psíquico que os individualiza.
Entre a arte que capta a realidade a partir da sombra dela, ocupando desta o lugar, em acto contínuo - e a sua filha, que se candidata como preenchimento de uma res nullius constituída pelos traços diferenciadores -, aloja-se o drama de quem porfia em não perturbar as expectativas da vida em sociedade que desenvolve,
para tanto abdicando da autenticidade própria, em proveito exclusivo do cumprimenrto da sua parte no script. Mas nas alturas de crise é sempre possível o despertar do conflito até aí latente entre a cor que define e aquela cuja exibição é habitual, no fito de garantir a tranquilidade em volta. É a descoberta da solidão própria sobrepondo-se às solidões convencionais da representação, que simulam dissolver-se no convívio. Princípio do desastre, ou resignada constatação, mais do que dos temperamentos, dependerá da coincidência do estado de alma/pano de fundo com o momento do vislumbre.
De Nana Issaia:
REPERTÓRIO
Não sou suficientemente real.
...As minhas várias máscaras provam
............que de vacto me falta um rosto.
......................Como se num jogo de sombras
..........tudo o que tivesse para oferecer fosse um acto.
.....Em várias partes.
A arte é o meu elemento.
......Emoções modelo.
.........Que adorável repertório
............de antigos sorrisos e monólogos.
.........................Solidões e estilos.
Fingindo com «Máscaras», de Jamie J. Rice,
«Mulher Sem Rosto com Vestido Azul», de
Carrie Serwetnyk e «Actriz de Vermelho Frente
ao Espelho», de Everett Shinn.
2 Comments:
At 4:31 PM, Jansenista said…
Reparou que as máscaras são 11? Será para alguma equipe de futebol mais logo?
At 6:58 PM, Paulo Cunha Porto said…
Espero, Caríssimo, que a primeira e última da linha horizontal de cima expressem os estados anímicos da noite que aí vem. Abraço.
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