O «Argumento» Degradado

Na vida pública os tiques do Professor, que, à partida eram, como em Salazar e em muitos dos Ministros que recrutou, sinais de prestígio, acabam por virar apequenamento de quem já não tem grandeza moral, e, moralmente, se quer pôr em bicos dos pés para garantir uma posição de superioridade sobre os antagonistas, actuais ou potenciais. É o que se passa com Marcelo e a irritante prática de dar notas a quem se não propôs submeter-se a outro exame seu que não o do voto que lhe compete. Mas esse, como é esperto, disfarça o irritante da atitude com as exigências do espectáculo radiofónico, ou televisivo. E é o caso lamentável do Ministro Freitas, crismando de «ignorantes necessitados de explicações» os opositores da sua desonestidade intelectual e cívica. Não está em jogo qualquer sapiência sobre matérias em que o dito tenha diplomas e estatuto que lhe permitam classificar provas. Pelo contrário, se acreditasse verdadeiramente nas tretas que apregoa, seria o primeiro a submeter-se, humildemente, à avaliação dos seus concidadãos. Tudo parte do conceito de "agressor", nas relações entre o fundamentalismo islâmico mais agressivo e o Ocidente. S. Ex.ª acha que uns rabiscos e até uma intervenção militar, são mais graves e atentatórios da tranquilidade internacional do que as bombas propositadamente colocadas para matar inocentes. Está no seu direito. Como já o não está, ao chamar «ignorantes» aos que discordam. Ou por outra, talvez esteja: é o duvidoso privilégio dos arrogantes.