Leitura Matinal -294
Estranha sonoridade que, sendo nome de Mulher, é também o do mítico
cavalo dourado que Carlos Parada viu como tendo sido dado pela Eternidade ao Tempo, para que, sobre o seu dorso pudesse encontrar o Começo. Remete para toda a transmissão inequívoca associada à cristalinidade, seja a dos sentimentos íntimos, seja a da via arrastada de uma Europa Contemporânea, ambas Mulheres prisioneiras da Herança com a qual se não conseguem compatibilizar. A clareza que implica o tudo ou nada da afirmação unicamente individual, sem edulcuração
dada pelo Passado, mas refém dele, expressa-se tanto nas extremidades das mãos que servem para acariciar e sinalizar, como no olhar preso à tentação do fim, da precipitação, gerada pela recusa da transigência que poderia ser dada pela profundidade e duração do sentimento, desde que a atenção não estivesse centrada em si, sem outras contemplações.
Conducente corrida para o fatal fingir julgando ser solução esse afogamento no Belo, ou o dilacerar das carnes que dessem um termo preservador da irredutibilidade juvenil que respira, deixando para sempre a imagem do momento. Pobre ambição, verdadeiramente reduzida ao Nada procurado, mas não querido. À revelia de si, é-se o elo de uma cadeia, essa acumulação de ancestralidade rejeitada. No seio do qual a imagem da autonomia, afirmada até ao limite, esmorece, sem remissão.
De Mário António:
CHRYS
Cristalina é a mensagem,
Não a voz torturada com que dizes
A verdade que só os teus dedos
Completam. Mãos finas e intranquilas,
Mãos elas próprias código, que não
As que escolhem entre códigos de flores.
Por certo, como te disse, a amargura
Não pode caber bastante
Na tua idade: o perigo da herança.
Detestas o acordo, mas é verdade
Que a mesma te chegou
Na longa via judaico-grego-romano-cristã
Que prolongas quando desces degraus,
Com um cris ido mostrar a Malaca
Para o suicídio que te sorri.
Em frente, os degraus acabam no mar.
Misturando uma escultura de Corina Tattinger
com os dedos em destaque, a imagem de um Kriss
e «Suicídio», de Charles François Daubigny.
cavalo dourado que Carlos Parada viu como tendo sido dado pela Eternidade ao Tempo, para que, sobre o seu dorso pudesse encontrar o Começo. Remete para toda a transmissão inequívoca associada à cristalinidade, seja a dos sentimentos íntimos, seja a da via arrastada de uma Europa Contemporânea, ambas Mulheres prisioneiras da Herança com a qual se não conseguem compatibilizar. A clareza que implica o tudo ou nada da afirmação unicamente individual, sem edulcuração
dada pelo Passado, mas refém dele, expressa-se tanto nas extremidades das mãos que servem para acariciar e sinalizar, como no olhar preso à tentação do fim, da precipitação, gerada pela recusa da transigência que poderia ser dada pela profundidade e duração do sentimento, desde que a atenção não estivesse centrada em si, sem outras contemplações.
Conducente corrida para o fatal fingir julgando ser solução esse afogamento no Belo, ou o dilacerar das carnes que dessem um termo preservador da irredutibilidade juvenil que respira, deixando para sempre a imagem do momento. Pobre ambição, verdadeiramente reduzida ao Nada procurado, mas não querido. À revelia de si, é-se o elo de uma cadeia, essa acumulação de ancestralidade rejeitada. No seio do qual a imagem da autonomia, afirmada até ao limite, esmorece, sem remissão.
De Mário António:
CHRYS
Cristalina é a mensagem,
Não a voz torturada com que dizes
A verdade que só os teus dedos
Completam. Mãos finas e intranquilas,
Mãos elas próprias código, que não
As que escolhem entre códigos de flores.
Por certo, como te disse, a amargura
Não pode caber bastante
Na tua idade: o perigo da herança.
Detestas o acordo, mas é verdade
Que a mesma te chegou
Na longa via judaico-grego-romano-cristã
Que prolongas quando desces degraus,
Com um cris ido mostrar a Malaca
Para o suicídio que te sorri.
Em frente, os degraus acabam no mar.
Misturando uma escultura de Corina Tattinger
com os dedos em destaque, a imagem de um Kriss
e «Suicídio», de Charles François Daubigny.
2 Comments:
At 12:32 PM, Anonymous said…
lindo
o texto
At 7:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
O.
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