A Solução Governativa

A reacção aos paparazzi emferma da ambiguidade que, por um lado, preza o deireito dos jornalistas a informarem, por outro a privacidade das
pessoas. Se tem havido alguma condenação dos importunos fotógrafos, culminando na sua quase responsabilização pelo acidente que vitimou Diana de Gales, noutros sítios, como em Bratislava, ergueram-lhes a estátua que se reproduz, como testemunho de admiração. E durante bastante tempo, apesar das leis em contrário, a melhor opção que as celebridades tinham para se verem livres dos fotógrafos que as incomodavam era passarem à acção directa, conforme se verifica neste famoso episódio, entre Sonja Romanoff e Rino Barillari. Uma cena felliniana, já que o termo paparazzo e o seu plural, em "i" terminado, derivam do nome do fotógrafo de «LA DOLCE VITA», e não, como muitas vezes se pensa, o inverso.
Nos últimos tempos algumas vedetas de Hollywood têm vindo a ser alvo de particular agressividade dos clicadores, que quase provocaram acidentes graves, casos de Lindsay Lohan, Scarlett Johansson e Reese Witherspoon. Mas agora, na Califórnia, acabou-se a papa doce. Já não valerá a pena pagar multas na esperança de vender as fotografias por milhões. O Governador Arnold Schwarzenegger, ex-actor que já sofreu a insuportabilidade referida, convenceu os legisladores do Estado a produzirem uma lei que não só impeça os autores de fotos abusivas de tirarem proventos delas, como os obriga a pagar o triplo do valor dos danos que causarem. Não está mal visto. Poderemos a passar a defender para a pasta da Justiça quem, por motivos burocráticos tenha perdido acções de relevo; para a da Saúde aquele que tenha sofrido problemas por deficiência de tratamentos, ou visto familiares afectados por negligência hospitalar; e para a Administração Interna não seria de exigir menos do que alguém com a pérola curricular de haver sido roubado e espancado por malfeitores.