Leitura Matinal -239
O Homem tem o hábito, tão risível como estimável, de acreditar que os expedientes de que se serve são dons dignos de reverência.
Um dos maiores deles é a arte de encher com palavras os grandes vazios que o espírito teme, mais do que conhece, aumentando-lhes o volume, em ambos os sentidos, na exacta proporção em que a audiência, faltando-lhe, ou, pelo contrário, intimidando-o, o empurra para desacompanhado canto que tenha de vencer e em que se tenha de vencer.
Não Pensamos só em ludibriar os outros, que essa é a tarefa mais fácil. Procuramos sim um engodo que nos faça mergulhar a fundo, fingindo que o tempo dá poucas oportunidades a que sintamos o peso do mundo, por dele não dispormos em quantidade suficiente para tais hipersensibilidades, ou ócios que nos remetam ao que, prezando, sabemos indigno da nossa estima - a própria personalidade.
Viramo-nos pois para Aquele que sendo outro, é aceitável que consideremos melhor e, porque também um tanto nosso, permite a dedicação e investimento do que nos quereríamos dar, desejando desesperadamente que não nos desdenhe, mas sim infirme a primeira opinião que sobre a nossa indigente condição fizemos. Não poderemos nem queremos, com ele, socorrermo-nos do método alienante que connosco empregámos. Sugamos cada gesto e cada fala íntima como a autenticidade única que nos valoriza e apazigua, acreditando que o centro é definitivo e a esquina em que antes nos vimos acossados se encontra prescrita.
De Rosa Lobato de Faria, sobre as palavras:
É costume atirá-las sobre o medo.
Dizê-las sem pudor sobre o palco da noite
com grandes gestos gritos e lágrimas.
Com elas percorremos
os oblíquos caminhos
que a solidão conhece.
Com elas ardilosos enganamos a alma.
Mas são as outras
as claras as fugazes
as tímidas as doces
as pequenas palavras
que salvam os amantes.
Mais «A História das Palavras I e II», de Geovanni,
bem como «Terror», de Bryce Muir.
Um dos maiores deles é a arte de encher com palavras os grandes vazios que o espírito teme, mais do que conhece, aumentando-lhes o volume, em ambos os sentidos, na exacta proporção em que a audiência, faltando-lhe, ou, pelo contrário, intimidando-o, o empurra para desacompanhado canto que tenha de vencer e em que se tenha de vencer.
Não Pensamos só em ludibriar os outros, que essa é a tarefa mais fácil. Procuramos sim um engodo que nos faça mergulhar a fundo, fingindo que o tempo dá poucas oportunidades a que sintamos o peso do mundo, por dele não dispormos em quantidade suficiente para tais hipersensibilidades, ou ócios que nos remetam ao que, prezando, sabemos indigno da nossa estima - a própria personalidade.
Viramo-nos pois para Aquele que sendo outro, é aceitável que consideremos melhor e, porque também um tanto nosso, permite a dedicação e investimento do que nos quereríamos dar, desejando desesperadamente que não nos desdenhe, mas sim infirme a primeira opinião que sobre a nossa indigente condição fizemos. Não poderemos nem queremos, com ele, socorrermo-nos do método alienante que connosco empregámos. Sugamos cada gesto e cada fala íntima como a autenticidade única que nos valoriza e apazigua, acreditando que o centro é definitivo e a esquina em que antes nos vimos acossados se encontra prescrita.
De Rosa Lobato de Faria, sobre as palavras:
É costume atirá-las sobre o medo.
Dizê-las sem pudor sobre o palco da noite
com grandes gestos gritos e lágrimas.
Com elas percorremos
os oblíquos caminhos
que a solidão conhece.
Com elas ardilosos enganamos a alma.
Mas são as outras
as claras as fugazes
as tímidas as doces
as pequenas palavras
que salvam os amantes.
Mais «A História das Palavras I e II», de Geovanni,
bem como «Terror», de Bryce Muir.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home