O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, January 15, 2006

A Dignidade da Cor

A notícia de que investigadores de Taiwan terão conseguido elaborar em porcos as alterações genéticas que permitam vê-los em verde fluorescente quando no escuro oferecerá
grandes possibilidades à medicina, no domínio do seguimento das células cancerosas e da acção dos medicamentos sobre elas, um pouco como, noutro domínio, a angiografia operou. Mas se não se discute o benefício que esta manipulação possa trazer, há que lamentar a alegria e insensibilidade com que foram exibidos os exemplares em que se alterou a Obra do Criador, numa abstracção tremenda do que seja a dignidade do bicho. E não cessam de nos lembrar: o porco é dos animais mais próximos do Homem.
Esta possibilidade tinha sido, a meio da década de 1990´s, alegremente figurada em pintura zen de Gwendalin Aranya. Mas creio que sem ter presente o que o Futuro traria. Ao contrário das ficcionais visões dele que concretizaram nos homenzinhos verdes a ideia de vida inteligente extraterrestre, estranha à Humanidade. Como, noutro plano de separações, grande uso fez da concepção Michel Déon em «LE JEUNE HOMME VERT».
O que é certo é que a ideia já vinha obcecando os nossos antepassados, apesar de portadora de sentidos mais estimáveis. Há referências pontuais a Hércules e a São João Baptista, como «Homem Verde». E em não poucas fontes de igrejas aparecem representações deles. Na mitologia céltica funcionava como representação de um deus da fertilidade, pelo que, prolongando-lhe o espírito, ainda hoje serve como símbolo da fusão do Homem com a Natureza, precisamente o que foi negado pelas experiências abordadas.
É evidente que devemos ter em conta outras interpretações do humanóide esverdeado. Na Heráldica era utilizado como elemento exterior ao escudo, aparentemente com o sentido de domador da força, o que poderia ser apropriado para legitimação da actividade dos cientistas chineses. E na Antiguidade era a cor emblemática quer dos «elementos de inspiração», quer dos «frutos da aprendizagem», tendo sido, em sentido próximo, herdada pela Arte Cristã, até ser transformada em "Esperança" e "Progresso" pelo Positivismo, do que também serão tributários os eufóricos descobridores de ontem. Mas tudo somado, sem me considerar verde de qualquer inveja, teria preferido maior discrição no anúncio da pressão do dedo humano sobre a ordem natural das coisas...

1 Comments:

  • At 1:33 AM, Anonymous Anonymous said…

    Ola,
    Onde voce achou a pintura zen dos porcos, de gwen aranya?
    Obrigado!

     

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