A Questão da Idade
Leio, no «DN», a opinião da Jurista Ana Paula Guimarães, que
defende dever o internamento compulsivo de idosos em lares
ser equiparado ao crime de sequestro. Ignoro se será a forma
mais correcta de resolver a situação, porém este radical
posicionamento tem o inegável mérito de chamar a atenção para
um problema mais do que gritante. Muitos Velhos, como a maior
parte das crianças, acham-se centrados em Si. Mas é também
a intuição que fatalmente acompanha essa preocupação com a
própria felicidade, isenta dos ouropéis do prestígio exterior,
que os torna disponíveis para o amor aos familiares, numa
constante provocação da reciprocidade que esperam. Não são
como os outros que estão na idade adulta, os quais, obrigados,
pela própria ambição, a sobrevalorizar os seus êxitos
profissionais e relacionais, não passam de adolescentes
estorricados, sempre dispostos a ceder ao brilho da bijuteria
dos estranhos e a ignorar as riquezas da sua própria Família.
Com a agravante de não serem já capazes da disponibilidade e
do entusiasmo de anos mais verdes.
Não é uma questão de sistema. Sê-lo-á de mentalidade, gerada
por hedonismos a que foram aditados adoçantes dietéticos. Noutras
sociedades fez-se do pior e do melhor. Em algumas do Oriente,
onde, todavia, a Velhice é, geralmente respeitada, chegou-se
ao ponto de preconizar a eliminação do ancião. Mas em sociedades
igualmente marciais, como a Esparta Antiga, não era assim. Já
aqui contei o episódio passado nuns Jogos Gregos, em que um
homem de cabelos brancos e décadas vividas a condizer ia procurando,
sem sucesso, um lugar para se sentar, junto dos sectores de cada
Cidade-Estado. Chegado enfim à zona dos Espartanos, imediatamente
todos os mais novos e muitos dos de meia idade se levantaram
para lhe ceder o assento. Perante isto, todo o recinto irrompeu
em aplausos. Ao que ele comentou, com amargo realismo: «Ah,
todos os Helenos conhecem o Bem, mas só os Lacedemónios o
praticam!». Saibamos tratar os nossos Velhos com respostas
diferentes do comodismo que vilifica. E talvez, então, possamos
ser um pouco menos indignos da imagem que queremos fazer de nós.
defende dever o internamento compulsivo de idosos em lares
ser equiparado ao crime de sequestro. Ignoro se será a forma
mais correcta de resolver a situação, porém este radical
posicionamento tem o inegável mérito de chamar a atenção para
um problema mais do que gritante. Muitos Velhos, como a maior
parte das crianças, acham-se centrados em Si. Mas é também
a intuição que fatalmente acompanha essa preocupação com a
própria felicidade, isenta dos ouropéis do prestígio exterior,
que os torna disponíveis para o amor aos familiares, numa
constante provocação da reciprocidade que esperam. Não são
como os outros que estão na idade adulta, os quais, obrigados,
pela própria ambição, a sobrevalorizar os seus êxitos
profissionais e relacionais, não passam de adolescentes
estorricados, sempre dispostos a ceder ao brilho da bijuteria
dos estranhos e a ignorar as riquezas da sua própria Família.
Com a agravante de não serem já capazes da disponibilidade e
do entusiasmo de anos mais verdes.
Não é uma questão de sistema. Sê-lo-á de mentalidade, gerada
por hedonismos a que foram aditados adoçantes dietéticos. Noutras
sociedades fez-se do pior e do melhor. Em algumas do Oriente,
onde, todavia, a Velhice é, geralmente respeitada, chegou-se
ao ponto de preconizar a eliminação do ancião. Mas em sociedades
igualmente marciais, como a Esparta Antiga, não era assim. Já
aqui contei o episódio passado nuns Jogos Gregos, em que um
homem de cabelos brancos e décadas vividas a condizer ia procurando,
sem sucesso, um lugar para se sentar, junto dos sectores de cada
Cidade-Estado. Chegado enfim à zona dos Espartanos, imediatamente
todos os mais novos e muitos dos de meia idade se levantaram
para lhe ceder o assento. Perante isto, todo o recinto irrompeu
em aplausos. Ao que ele comentou, com amargo realismo: «Ah,
todos os Helenos conhecem o Bem, mas só os Lacedemónios o
praticam!». Saibamos tratar os nossos Velhos com respostas
diferentes do comodismo que vilifica. E talvez, então, possamos
ser um pouco menos indignos da imagem que queremos fazer de nós.
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