Leitura Matinal -201
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A força que no tempo se encontra é aquela que seres e lugares lhe conseguem encontrar. Com a variação das sensibilidades que acompanha as diversas naturezas da duração e da durabilidade. É possível descobrir a imposição dura quando sentimos os
estragos e a deterioração. Nem sempre temos a coragem de ver um nosso fim como alívio, mas, quando nos colocamos numa perspectiva externa, como observadores, não cessamos de reconhecer a harmonia universal que ele proporciona. É o grande extintor de urgências. Dizem que Franco, o Caudilho de Espanha, gostava de citar o velho ditado galego, a propósito das pilhas de documentos que jaziam na sua secretária de despacho: «Estes são os problemas que o tempo resolveu. Estes são os que o tempo há-de resolver». Uma libelinha dura um dia, uma tartaruga trezentos anos. E nós na nossa fraqueza, achamos tudo magnificamente determinado, excepto quando somos nós, ou são os nossos a libelinha. Ou quando, desprovidos de Fé e minados pela dor, nos vemos como a tartaruga. Mas na sua Imensa sabedoria, que mais não é que a soma das nossas limitações, o Tempo dá-nos, alternadamente, ensejos para tudo. saber imenso e força maior que culminam na sua própria anulação ao abrir-nos as portas do Eterno.
De E. E. Cummings, traduzido por Cecília Rego Pinheiro:
no tempo há a nobre clemência da proporção
com generosidades para além do acreditar
(embora carne e sangue o acusem de coacção
ou mente e alma o condenem por decepcionar)
os seus caminhos não são racionais nem irracionais,
a sua sabedoria anula conflito e entendimento
- os saaras têm os seus séculos;dezmil
dos quais são mais pequenos do que a rosa um momento
há tempo para rir e há tempo para chorar -
para a esperança para o desepero para a paz para a saudade
- um tempo para crescer e um tempo para morrer:
uma noite para o silêncio e um dia para cantar
mas mais do que tudo(como os teus mais do que olhos
me dizem) há um tempo para a eternidade
A imagem: «Time Dissolves», de Dale Wicks.
A força que no tempo se encontra é aquela que seres e lugares lhe conseguem encontrar. Com a variação das sensibilidades que acompanha as diversas naturezas da duração e da durabilidade. É possível descobrir a imposição dura quando sentimos os
estragos e a deterioração. Nem sempre temos a coragem de ver um nosso fim como alívio, mas, quando nos colocamos numa perspectiva externa, como observadores, não cessamos de reconhecer a harmonia universal que ele proporciona. É o grande extintor de urgências. Dizem que Franco, o Caudilho de Espanha, gostava de citar o velho ditado galego, a propósito das pilhas de documentos que jaziam na sua secretária de despacho: «Estes são os problemas que o tempo resolveu. Estes são os que o tempo há-de resolver». Uma libelinha dura um dia, uma tartaruga trezentos anos. E nós na nossa fraqueza, achamos tudo magnificamente determinado, excepto quando somos nós, ou são os nossos a libelinha. Ou quando, desprovidos de Fé e minados pela dor, nos vemos como a tartaruga. Mas na sua Imensa sabedoria, que mais não é que a soma das nossas limitações, o Tempo dá-nos, alternadamente, ensejos para tudo. saber imenso e força maior que culminam na sua própria anulação ao abrir-nos as portas do Eterno.
De E. E. Cummings, traduzido por Cecília Rego Pinheiro:
no tempo há a nobre clemência da proporção
com generosidades para além do acreditar
(embora carne e sangue o acusem de coacção
ou mente e alma o condenem por decepcionar)
os seus caminhos não são racionais nem irracionais,
a sua sabedoria anula conflito e entendimento
- os saaras têm os seus séculos;dezmil
dos quais são mais pequenos do que a rosa um momento
há tempo para rir e há tempo para chorar -
para a esperança para o desepero para a paz para a saudade
- um tempo para crescer e um tempo para morrer:
uma noite para o silêncio e um dia para cantar
mas mais do que tudo(como os teus mais do que olhos
me dizem) há um tempo para a eternidade
A imagem: «Time Dissolves», de Dale Wicks.
2 Comments:
At 4:37 PM, JFC said…
mas q poema lindo lindo! sabes eu só conhecia o E. E. Cummings do filme do w allen, Anne and her sisters (?) 'nobody,not even the rain, has such small hands' e agora fiquei siderada com esta tradução! obrigada
bjs :-)
At 6:26 PM, Paulo Cunha Porto said…
Engraçado, o meu primeiro contacto com a poesia de Cummings foi no mesmo filme, há muitos anos...
Bj.
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