O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot
Monday, December 05, 2005
Caminho Tortuoso
Em que medida prevalece o ogulho de ter deixado de estar perdido, sabendo-se que, para escapar ao labirinto, se recorreu a uma trapaça? . «O Fio de Ariadne», de Lili Orzag.
Na verdade, para esclarecimento dos leitores, em Creta não se tratava de um labirinto mas de um dédalo. Num labirinto é impossível alguém perder-se, uma vez que há apenas uma única opção de caminho a percorrer. No dédalo, sim, um pessoa perde-se. Para mais informações, por favor consultem http://www.georgetown.edu/labyrinth/labyrinth-home.html Abraços
Essa distinção é perversa. Não só na nossa língua um é sinónimo do outro, como noutras o labirinto é dado como a obra de Dédalo. A aceitarmos a nova versão, o dédalo, aquele onde uma pessoa pode perder-se seria, por ecelência, aquele de que houve fugas célebres: a de Teseu e a do próprio construtor, mais o filho, Ícaro. Abs.
Labirinto, Lat. labyrintu < Gr. labyrinthos s. m., edifício composto de múltiplas divisões dispostas confusamente, pelo que é difícil encontrar-lhes a saída; fig., questão complicada, obscura; Anat., conjunto das cavidades sinuosas do ouvido.
:)
Gosto da ideia de que o Labirinto é mais do que a figura simbóilica medieval do centro do mundo, em que se repete o caminho de ida e o de volta. Gosto dos labirintos de Borges. E do «labirinto da saudade» ou dos de Eco.
Mesmo o símbolo medieval - como em Chartres - não se trata apenas de caminhos circulares com de sete voltas a direita exatamente ao centro. Como símbolo, pode representar um mapa que - no reino espiritual - separa o sacro do profano. Sete voltas representando o processo de iniciações ou o estudo da vida (há quem note que parece analógico com a quebra de faculdades em trivium e quadrivium das escolas medievais).
E estendendo-me ainda mais, gosto da (des)ambiguidade metafórica http://labyrinth-(disambiguation).borgfind.com/
Ademais, Dédalo é mesmo o construtor e arquitecto, sonhador de voo.
Para perder-se, não se precisa de labirintos. Lá, as pessoas procuram. :))
Muito obrigado à Viajante. É bom ter o decisivo depoimento de uma Especialista. Também eu andei pelos de Borges, antes de achar outros, ainda mais atractivos, Aqueles que combinam com os Espelhos. Obrigado pelas asas. Mas receio sofrer a sorte de Ícaro. Afinal, no meu caso, é o próprio Sol que mas dá... Beijos.
PS: Além de que me seriam inúteis: Destes Labirintos de que falamos eu nunca quereria escapar. E quanto à questão do "post"?
Quanto à pergunta: «em que medida?» Medir-se precisa de um padrão.
O orgulho de ter deixado de estar perdido pode trazer perdição, também por ausência de medida? Não se escapa do labirinto, com trapaça ou sem ela... Escapa-se de um Si que estava no labirinto, provavelmente. A trapaça pode residir em entender que se deixou de estar perdido e se saiu do labirinto?
A aceitar que se deixou de estar perdido, com base em trapaça, perdeu-se mais de Si. Em outro labirinto?
5 Comments:
At 12:25 PM, João Villalobos said…
Na verdade, para esclarecimento dos leitores, em Creta não se tratava de um labirinto mas de um dédalo. Num labirinto é impossível alguém perder-se, uma vez que há apenas uma única opção de caminho a percorrer. No dédalo, sim, um pessoa perde-se. Para mais informações, por favor consultem http://www.georgetown.edu/labyrinth/labyrinth-home.html
Abraços
At 6:41 PM, Paulo Cunha Porto said…
Essa distinção é perversa. Não só na nossa língua um é sinónimo do outro, como noutras o labirinto é dado como a obra de Dédalo. A aceitarmos a nova versão, o dédalo, aquele onde uma pessoa pode perder-se seria, por ecelência, aquele de que houve fugas célebres: a de Teseu e a do próprio construtor, mais o filho, Ícaro.
Abs.
At 10:25 PM, Viajante said…
Labirinto, Lat. labyrintu < Gr. labyrinthos
s. m.,
edifício composto de múltiplas divisões dispostas confusamente, pelo que é difícil encontrar-lhes a saída;
fig.,
questão complicada, obscura;
Anat.,
conjunto das cavidades sinuosas do ouvido.
:)
Gosto da ideia de que o Labirinto é mais do que a figura simbóilica medieval do centro do mundo, em que se repete o caminho de ida e o de volta. Gosto dos labirintos de Borges. E do «labirinto da saudade» ou dos de Eco.
Mesmo o símbolo medieval - como em Chartres - não se trata apenas de caminhos circulares com de sete voltas a direita exatamente ao centro. Como símbolo, pode representar um mapa que - no reino espiritual - separa o sacro do profano. Sete voltas representando o processo de iniciações ou o estudo da vida (há quem note que parece analógico com a quebra de faculdades em trivium e quadrivium das escolas medievais).
E estendendo-me ainda mais, gosto da (des)ambiguidade metafórica
http://labyrinth-(disambiguation).borgfind.com/
Ademais, Dédalo é mesmo o construtor e arquitecto, sonhador de voo.
Para perder-se, não se precisa de labirintos. Lá, as pessoas procuram.
:))
beijos e asas de cera
At 11:23 PM, Paulo Cunha Porto said…
Muito obrigado à Viajante. É bom ter o decisivo depoimento de uma Especialista. Também eu andei pelos de Borges, antes de achar outros, ainda mais atractivos, Aqueles que combinam com os Espelhos.
Obrigado pelas asas. Mas receio sofrer a sorte de Ícaro. Afinal, no meu caso, é o próprio Sol que mas dá...
Beijos.
PS: Além de que me seriam inúteis: Destes Labirintos de que falamos eu nunca quereria escapar.
E quanto à questão do "post"?
At 12:10 AM, Viajante said…
Gentileza, Paulo. Que sabe bem, naturalmente :)
Quanto à pergunta: «em que medida?» Medir-se precisa de um padrão.
O orgulho de ter deixado de estar perdido pode trazer perdição, também por ausência de medida?
Não se escapa do labirinto, com trapaça ou sem ela... Escapa-se de um Si que estava no labirinto, provavelmente.
A trapaça pode residir em entender que se deixou de estar perdido e se saiu do labirinto?
A aceitar que se deixou de estar perdido, com base em trapaça, perdeu-se mais de Si. Em outro labirinto?
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