Exame de Consciência
Dizia Filipe II que não percebia de onde poderia vir-lhe
contestação ao seu direito à Coroa de Portugal, pois
«tinha-o herdado, conquistado e comprado», referindo-se
ao papel complementar que as forças do Duque de Alba e
os numerosos subornos e presentes tinham desempenhado
no seu acesso ao Trono Português. Sob o ponto de vista
de estrita herança dinástica, talvez tivesse razão, não
relevando excessivamente as construções jurídicas em redor
do agnaticismo ou não, que foram parte importante na
construção jurídica que se esboçou, em defesa dos Direitos
de D. Catarina, Duquesa de Bragança e Infanta de Portugal.
O caso já era diferente, considerando as Leis de Lamego,
mas sobre isso falarei no próximo post.
Eu teria sido por Filipe em 1580, pois que do desastre de
Alcácer-Quibir, tínham os nossos Avós ficado com uma
oficialidade morta ou cativa e, embora o soldado seja
essencial, só com peonagem não se ganha guerras, havendo
já quem estivesse disposto a deitar a unha aos nossos
territórios fora da Europa. Para mais, o Rei de Espanha
comprometia-se a respeitar a singularidade e privilégios
portugueses, o que, na generalidade, cumpriu. Dos sessenta
anos de União Pessoal, uns bons quarenta foram de boa
governação, só os vinte finais destoando, irremediavelmente.
Em 1 de Dezembro de 1640 era, portanto, outra história. O
Conde-Duque tinha-se virado, desgraçadamente, para o nefasto
centralismo, como meio de ressarcir o seu Senhor, Filipe IV,
das infelicidades que o Lado Espanhol sofria, no confronto
europeu. E isso era afronta que uma nova geração de Portugueses,
leais à herança dos seus Maiores, não poderia tolerar.
Os conjurados que, na data de hoje, vivem na Grandeza Histórica
o seu aniversário souberam obedecer à mesmíssima identidade
nacional que hoje está suficientemente fora dos espíritos
de alguns de nós e cloroformizada nos de outros, o que nos
impede de agir consequentemente contra os estragos que vão
sendo infligidos aos escombros da Pátria por sistema iníquo.
A todos os serventuários dele, como a nós, os que, sendo
contra, não mostramos capacidade de reagir: actualizemos
essa perene Consciência, fazendo, para tanto, o exame das
nossas.
contestação ao seu direito à Coroa de Portugal, pois
«tinha-o herdado, conquistado e comprado», referindo-se
ao papel complementar que as forças do Duque de Alba e
os numerosos subornos e presentes tinham desempenhado
no seu acesso ao Trono Português. Sob o ponto de vista
de estrita herança dinástica, talvez tivesse razão, não
relevando excessivamente as construções jurídicas em redor
do agnaticismo ou não, que foram parte importante na
construção jurídica que se esboçou, em defesa dos Direitos
de D. Catarina, Duquesa de Bragança e Infanta de Portugal.
O caso já era diferente, considerando as Leis de Lamego,
mas sobre isso falarei no próximo post.
Eu teria sido por Filipe em 1580, pois que do desastre de
Alcácer-Quibir, tínham os nossos Avós ficado com uma
oficialidade morta ou cativa e, embora o soldado seja
essencial, só com peonagem não se ganha guerras, havendo
já quem estivesse disposto a deitar a unha aos nossos
territórios fora da Europa. Para mais, o Rei de Espanha
comprometia-se a respeitar a singularidade e privilégios
portugueses, o que, na generalidade, cumpriu. Dos sessenta
anos de União Pessoal, uns bons quarenta foram de boa
governação, só os vinte finais destoando, irremediavelmente.
Em 1 de Dezembro de 1640 era, portanto, outra história. O
Conde-Duque tinha-se virado, desgraçadamente, para o nefasto
centralismo, como meio de ressarcir o seu Senhor, Filipe IV,
das infelicidades que o Lado Espanhol sofria, no confronto
europeu. E isso era afronta que uma nova geração de Portugueses,
leais à herança dos seus Maiores, não poderia tolerar.
Os conjurados que, na data de hoje, vivem na Grandeza Histórica
o seu aniversário souberam obedecer à mesmíssima identidade
nacional que hoje está suficientemente fora dos espíritos
de alguns de nós e cloroformizada nos de outros, o que nos
impede de agir consequentemente contra os estragos que vão
sendo infligidos aos escombros da Pátria por sistema iníquo.
A todos os serventuários dele, como a nós, os que, sendo
contra, não mostramos capacidade de reagir: actualizemos
essa perene Consciência, fazendo, para tanto, o exame das
nossas.
5 Comments:
At 11:24 AM, Flávio Santos said…
I'm appaled! Isso quer dizer que se a Espanha nos tivesse governado sempre bem já não valia a pena lutar pela independência? É tudo uma questão de "gestão"?... Ou seria só para ganhar tempo e reorganizar as tropas (em sentido lato)?
At 11:43 AM, Paulo Cunha Porto said…
Não, Querido Amigo. Nos primeiros quarenta anos da dinastia Filipina a Espanha não nos governou. O Rei de Espanha era também Rei de Portugal, o que é muito diferente. Depois é que surgiu, culminando em Olivares, o instinto de unificar.
A reorganização das tropas era necessária, mas em 1580 não era só isso que se jogava, era a própria sobrevivência dso Reino e do Império. Que, se não tivesse sido encontrada a solução que foi, é mais do que certo, teria desandado.
Já em 1640, as energias estavam de tal forma dispostas ao serviço pátrio, que, até onde doi mais, no aumento de impostos para armar exércitos, todos acudiram com entusiasmo hoje impossível de sonhar. E os estudantes da Universidade de Coimbra, por uma vez do lado bom da História, organizaram um batalhão deles.
Tempos que se não repetem.
At 12:19 PM, Flávio Santos said…
A coroação de Filipe I em Tomar não é acontecimento de que me orgulhe enquanto português. Aliás, pese a beleza do Convento de Cristo, o monumento tem um valor simbólico totalmente oposto ao do Mosteiro da Batalha.
At 6:05 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro FG Santos: deve envergonhar-nos mais o comportamento dos pretendentes portugueses de então. A única opção digna foi a dos Duques de Bragança que aceitaram altivamente a situação que a força maior impunha. Os Outros, uns não queriam perder os cargos em que tinham sido providos pelo Rei de Espanha, o restante, o infeliz D. António, passou o tempo a regatear o seu preço e só quando, à quarta ou quinta subida, lho foi negado, se meteu na aventura militar sem esperança. Aliás, pensei que não gostasses muito dele.
At 3:35 PM, Flávio Santos said…
Tenho que gostar de quem lutou até ao limite das suas forças pela independência de Portugal.
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