A Conquista da Dignidade
Sabe Deus quão grande era a minha hostilidade à acção
pública de Saddam e à maldade dela repetidamente emergente.
É, porém, com alívio que o vejo assumir os actos do seu governo
e não cair em palinódias ou alegações desresponsabilizantes.
Sempre achei digno de admiração o homem que assume as
suas convicções políticas e mostra não temer a morte de que
o ameaçam "julgamentos" necessariamente parciais. Seja a
postura, sem crimes e manifestamente acusatória da (in)justiça,
que adoptou um Maurras, ou o discurso de apologia de actos
que muitas vezes terão sido bárbaros, do ex-leader iraquiano,
assente na ideia de ter um legado, que teria visado proteger os
iraquianos em geral, como irmãos em religião e nacionalidade
que os diz considerar, juízes incluídos. Uma postura bem diferente
da dos acusados de Nuremberg, salvo Goering, que pareciam não
ter vivido naquele país, ou passado o tempo a cultivar rosas num
jardim isolado. Perguntar-me-ão: mas, numa perspectiva Cristã,
não seria melhor mostrar - e sentir - arrependimento, que iniciasse
o caminho do penitente para a redenção? Seria, respondo, num mundo
Cristão. Mas o inculpado não faz parte desse Mundo. Como perdido
por um, perdido por mil tem alguma validade neste caso: da perspectiva
histórica da sua pessoa e cultura é o único caminho possível para
obter um fim de vida mais louvável do que o resto dela.
pública de Saddam e à maldade dela repetidamente emergente.
É, porém, com alívio que o vejo assumir os actos do seu governo
e não cair em palinódias ou alegações desresponsabilizantes.
Sempre achei digno de admiração o homem que assume as
suas convicções políticas e mostra não temer a morte de que
o ameaçam "julgamentos" necessariamente parciais. Seja a
postura, sem crimes e manifestamente acusatória da (in)justiça,
que adoptou um Maurras, ou o discurso de apologia de actos
que muitas vezes terão sido bárbaros, do ex-leader iraquiano,
assente na ideia de ter um legado, que teria visado proteger os
iraquianos em geral, como irmãos em religião e nacionalidade
que os diz considerar, juízes incluídos. Uma postura bem diferente
da dos acusados de Nuremberg, salvo Goering, que pareciam não
ter vivido naquele país, ou passado o tempo a cultivar rosas num
jardim isolado. Perguntar-me-ão: mas, numa perspectiva Cristã,
não seria melhor mostrar - e sentir - arrependimento, que iniciasse
o caminho do penitente para a redenção? Seria, respondo, num mundo
Cristão. Mas o inculpado não faz parte desse Mundo. Como perdido
por um, perdido por mil tem alguma validade neste caso: da perspectiva
histórica da sua pessoa e cultura é o único caminho possível para
obter um fim de vida mais louvável do que o resto dela.
5 Comments:
At 1:33 PM, Anonymous said…
El arrepentimiento es la aurora de la virtud (Karamzine)
At 1:34 PM, Anonymous said…
Fatalismo musulmao
At 6:44 PM, Paulo Cunha Porto said…
Grandes verdades. Que agravam a situação do réu, neste julgamento.
At 7:58 PM, Anonymous said…
De perdidos....al río.
At 2:03 PM, Anonymous said…
Caro Paulo Cunha Porto
Compreendo, eu sei que Você conhece a diferença para 'percebo', mas o seu brilhante escrito, acorda sempre aquela antiga ressonância - 'ai dos vencidos...'
Um abraço.
JSM
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