O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, November 24, 2005

À Marta e ao Luís

Na sequência da dúvida que surgiu, há dias, não tem passado
um em que eu não haja procurado o livro de que vos falei.
Encontrar um volume nesta casa começa a ser tarefa tão
hercúlea que a imagem da agulha e do palheiro só muito
palidamente transmite uma ideia da realidade. De tal forma
que costumo dizer, por brincadeira, que, se um dia viesse a
casar, seria bom que o enlace ocorresse com uma bibliotecária,
única profissão detentora do know how apto a pôr ordem nesta
confusão. Mas aí vai a teanscrição que interessa, extraída
de «JOGOS OLÍMPICOS E OLIMPISMO», de João Marreiros, 2ª
ed., do A., S/L, 1992, com o subtítulo «Barcelona/92», pg.164:

«ESTERÓIDES ANABOLIZANTES

Devem o seu nome a duas personalidades históricas: Ester e
Ana Bolena.
Foram utilizados pela primeira vez nos tempos bíblicos. Tudo
começou quando o Rei Assuerus, nome bíblico de um monarca persa,
que decidiu abrir um concurso para substituir a rainha Vasti,
repudiada depois de o ter desautorizado publicamente.
Milhares de jovens, as mais belas do Império Asiático, foram
apresentadas ao Rei Assuerus, após um ano de dedicação à
aprendizagem das regras de boas maneiras e de cosmética.
A escolhida por Assuerus para sua esposa foi Ester, uma jovem
judia e orfã.
Foi então que Aman, sábio do reino, versado em química, acusou
Ester de se ter submetido a um tratamento de hormonas (esteróides)
para se tornat mais atraente. O Rei não gostou e ordenou a
decapitação do sábio.
Desde então as hormonas que permitiram a Ester tornar-se na
primeira dama do reino passaram a designar-se por ESTERÓIDES.
Por sua vez a designação ANABOLIZANTES é aplicada há cerca de
quatro Séculos.
A sua história começou no reinado de Henrique VIII de Inglaterra.
Quando o Monarca se separou da sua primeira mulher, Catarina de
Aragão, para se casar com a bela Ana Bolema, Dama de honor da
Rainha.
Só que Henrique VIII reconhecia que a sua nova mulher tinha
aprendido em França a utilizar drogas que lhe permitiram
melhorar o seu aspecto físico.
A descoberta foi feita por Jane Seymour, frequentadora da
corte, que detectou produtos estranhos no líquido orgânico
de Ana Bolema.
O Monarca ordenou a sua execução e casou com Jane Seymour»

Como se vê, nada foi inventado no nosso tempo: o controle
anti-doping, protestos das delegações rivais, sábios e
Esposas que perdem a cabeça, penetração de agentes israelitas
na Pérsia, desconfiança franco-britânica, concursos de misses,
tudo existia já, bem antes de nós.

5 Comments:

  • At 12:20 AM, Blogger Jansenista said…

    Engraçado exercício de etimologia criativa (lembra-me uma das figuras criadas por Jô Soares quando tinha piada). Só que anabolismo e catabolismo são formas de metabolismo, nada têm a ver com aquela desgraçada mulher de Henrique VIII. E quanto a esteróides, é um neologismo inventado para designar tipos de esterol, uma forma de lípido (como o colesterol), nada tem a ver com a bela persa que tinha o nome das murtas...
    Um desmancha-prazeres sempre ao serviço!

     
  • At 4:48 AM, Anonymous Anonymous said…

    Obrigado ao Paulo pelo esforço de descoberta. Eu também sei o que é isso de mergulhar no quarto em demanda de livros ou revistas.
    O livro é quatro anos posterior à minha história na Gazeta dos Desportos. O João Marreiros pode ter sido vítima do mesmo logro. A história é a mesma, sem tirar nem pôr.

     
  • At 7:46 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu caro Jansenista:
    Não é Desmancha-Prazeres, coisa nenhuma! É sempre com grande prazer que O vejo por cá a desmanchar fantasias etimológicas, ou outras. Repare, no entanto, que eu não defendia a posição transcrita, nem qualquer outra sobre o assunto, aliás. Serviu unicamente para ilustrar uma notícia que o Luís deu da versão que inundou as redacções dos nossos jornais desportivos, com sequentes desmentidos; isto, coroando um debate com a Marta.

    É bem possível que a fonte seja a mesma. Mas já agora gostava de descobri-la. Eu adoro saber as origens destes erros, assim como o celebérrimo do teor de ferro do espinafre, sem o qual o Popeye não seria o que conhecemos.

    Muito obrigado aos Dois.

     
  • At 11:57 AM, Anonymous Anonymous said…

    É curiosa esta história! E são muito interessantes, todos os contributos dos meus parceiros de blogg.
    Thanks.
    Marta

     
  • At 5:44 PM, Anonymous Anonymous said…

    Sugiro uma telefonadela para a Lusa, para o meu amigo Filipe Bravo, que acompanha mais de perto o atletismo. O "take" veio de lá. Ele estaria na CAPITAL por esses tempos, mas pode ser que dê alguma pista.

     

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