Leitura Matinal - 178
Sempre acreditei que era mais do que um acaso feliz
o facto de na língua inglesa "soletrar" e "feitiço" se
encontrarem expressas pela mesma palavra, "spell".
Pois se a peregrinação da procura do entendimento nos
leva para uma focagem cujo objecto nos transcende,
sem podermos escapar ao estatuto conformador da
autoria pensante, o percurso da aprendizagem da
decifração é conjugação do Sentido omnipresente.
A angústia do desconhecimento cresce na exacta
proporção do avolumar das apreensões, também
esta uma palavra dúplice. E é na certeza composta
pela noção da impossibilidade de abarcar e pela
necessidade de prosseguir o trabalho da demanda
que surge o estatuto maior do Humano: a Busca,
entronizada.
De Pedro Falcão:
desço ao fundo do meu mundo
ao fundo
........para lá de mim
para além daqui
...............para lá do mundo
chego cansado ao meio do que há
e fico
......sòzinho
.............no meio de mim
tudo é calmo e ordenado
está em tudo a explicação
........é só saber ler
eu ponho-me a querer soletrar
a querer compreender
mas a voz imensa
................soa
a voz ri
........a voz ecoa
é só saber ler
está em tudo a explicação
é a que deve ser
........é só saber ler
são letras todo o meu mundo
tantas letras
.............tantas
...................tantas
que não terei tempo
..............de as aprender
serei sempre o moço de fretes
carregando
..........letras
................letras
......................letras
sem as conhecer
.....no meio da calma das coisas
que têm mais que fazer
ali
...só
.....no meio de mim
aprendo enfim a saber
que nunca saberei ler
no meu imenso saber
Este post foi inspirado por uma resposta da
Viajante a um comentário que ousei, no seu
blog. É-Lhe, pois, dedicado, com reverência
profunda.
o facto de na língua inglesa "soletrar" e "feitiço" se
encontrarem expressas pela mesma palavra, "spell".
Pois se a peregrinação da procura do entendimento nos
leva para uma focagem cujo objecto nos transcende,
sem podermos escapar ao estatuto conformador da
autoria pensante, o percurso da aprendizagem da
decifração é conjugação do Sentido omnipresente.
A angústia do desconhecimento cresce na exacta
proporção do avolumar das apreensões, também
esta uma palavra dúplice. E é na certeza composta
pela noção da impossibilidade de abarcar e pela
necessidade de prosseguir o trabalho da demanda
que surge o estatuto maior do Humano: a Busca,
entronizada.
De Pedro Falcão:
desço ao fundo do meu mundo
ao fundo
........para lá de mim
para além daqui
...............para lá do mundo
chego cansado ao meio do que há
e fico
......sòzinho
.............no meio de mim
tudo é calmo e ordenado
está em tudo a explicação
........é só saber ler
eu ponho-me a querer soletrar
a querer compreender
mas a voz imensa
................soa
a voz ri
........a voz ecoa
é só saber ler
está em tudo a explicação
é a que deve ser
........é só saber ler
são letras todo o meu mundo
tantas letras
.............tantas
...................tantas
que não terei tempo
..............de as aprender
serei sempre o moço de fretes
carregando
..........letras
................letras
......................letras
sem as conhecer
.....no meio da calma das coisas
que têm mais que fazer
ali
...só
.....no meio de mim
aprendo enfim a saber
que nunca saberei ler
no meu imenso saber
Este post foi inspirado por uma resposta da
Viajante a um comentário que ousei, no seu
blog. É-Lhe, pois, dedicado, com reverência
profunda.
4 Comments:
At 5:13 PM, Ricardo António Alves said…
Curiosa figura a deste nosso conterrâneo, Pedro Falcão (aliás, D. Simão Aranha), autor do «Cascais Menino»...
At 8:07 PM, Paulo Cunha Porto said…
E se Tu soubesses a quem está dedicado o volume donde colhi estes versos...
At 10:53 PM, Ricardo António Alves said…
a quem?, a quem?...
At 9:36 AM, Paulo Cunha Porto said…
Vou responder para o "e-mail" do «Abencerragem».
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