Leitura Matinal -177
Se nos inexoráveis limites da existência o primeiro dever
redundará em tentarmos dar ouvidos ao lamento infindo
dos nossos próximos, passo essencial para o cumprimento
da Mensagem Evangélica do Amor, a vida encerra dois
mistérios maiores que só uma sensibibilidade trabalhada
torna acessíveis: a exteriorização da dor oriunda da perda,
ou do mal dos raros a quem queremos com a intensidade
que substitui a perturbação pasageira pelo permanente
aguilhão que, parecendo destruir, edifica; e, por sobre o
estendal das sensações e a cúpula dos sentimentos, o
descomunal lamento do Mundo, que a vida alienante das
metrópoles tenta impedir que oiçamos. Não é o choro que
alguns imaginaram em Deus, testemunhando a nossa
gigantesca imperfeição, por Ele desde sempre conhecida.
É um degrau intermédio para Lá chegar, a sensibilidade
de toda a Criação, mais do que a soma das suas partes,
como uma melodia mais do que a adição das notas que
a compõem. É preciso ter ouvido para essa percepção
imensa. Mas, uma vez alcançada, integrando-nos nós
nela, terá sido dado o passo maior para que o mais
protector dos Socorros nos apazigue, tal como o indefeso
recém-nascido grita pela Mãe. E também nesse estágio
final será encontrável a Alegria que hoje nos foge.
De Federico Garcia Lorca:
Do Pranto
Fechei a minha varanda
pois não quero ouvir o pranto,
mas por trás dos muros pardos
não se ouve mais que o pranto.
Há muito poucos anjos que cantem,
Há muito poucos cães que ladrem,
mil violinos cabem-me na palma da mão.
Mas o pranto é um cão imenso,
o pranto é um anjo imenso,
o pranto é um violino imenso,
as lágrimas amordaçam o vento,
e não se ouve nada além do pranto.
redundará em tentarmos dar ouvidos ao lamento infindo
dos nossos próximos, passo essencial para o cumprimento
da Mensagem Evangélica do Amor, a vida encerra dois
mistérios maiores que só uma sensibibilidade trabalhada
torna acessíveis: a exteriorização da dor oriunda da perda,
ou do mal dos raros a quem queremos com a intensidade
que substitui a perturbação pasageira pelo permanente
aguilhão que, parecendo destruir, edifica; e, por sobre o
estendal das sensações e a cúpula dos sentimentos, o
descomunal lamento do Mundo, que a vida alienante das
metrópoles tenta impedir que oiçamos. Não é o choro que
alguns imaginaram em Deus, testemunhando a nossa
gigantesca imperfeição, por Ele desde sempre conhecida.
É um degrau intermédio para Lá chegar, a sensibilidade
de toda a Criação, mais do que a soma das suas partes,
como uma melodia mais do que a adição das notas que
a compõem. É preciso ter ouvido para essa percepção
imensa. Mas, uma vez alcançada, integrando-nos nós
nela, terá sido dado o passo maior para que o mais
protector dos Socorros nos apazigue, tal como o indefeso
recém-nascido grita pela Mãe. E também nesse estágio
final será encontrável a Alegria que hoje nos foge.
De Federico Garcia Lorca:
Do Pranto
Fechei a minha varanda
pois não quero ouvir o pranto,
mas por trás dos muros pardos
não se ouve mais que o pranto.
Há muito poucos anjos que cantem,
Há muito poucos cães que ladrem,
mil violinos cabem-me na palma da mão.
Mas o pranto é um cão imenso,
o pranto é um anjo imenso,
o pranto é um violino imenso,
as lágrimas amordaçam o vento,
e não se ouve nada além do pranto.
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