La Nuit Parisienne
Tem sido amplamente explorada a identificação das
causas dos confrontos de Paris e a descrição dos
comportamentos das autoridades para os contrariar.
Um aspecto que falta desenvolver é o das relações
dos detentores do poder com a esmagadora maioria da
população, fruto dos acontecimentos. A primeira nota
vai para a "acalmação" que se tenta injectar nas veias
do Francês comum, exultando com o facto de anteontem só
terem ardido 463 carros e de, ontem, apenas 504, um aumento
ligeiríssimo, terem sido entregues às chamas. Só faltou
dizer que estes acontecimentos vieram a calhar para a
renovação do parque automóvel. A par das expectativas baixas
de que partem no balanço das alterações, os governantes - e
a oposição oficial que com eles faz coro -, esperavam que se
tivesse conseguido reunir, num feriado, grande número de
manifestantes «pela paz», o que, significaria que a condenação
geral dos amotinados não estaria a suscitar sentimentos
revanchistas na população, ao mesmo tempo que simbolizaria
a confiança nos «poderes da República». Compareceram 300
pessoas, o que dá uma ideia precisa da vontade que há em
resolver as coisas com paninhos quentes, fora da classe
política, bem como do grau de prestígio de que esta goza.
Daí a proibição de «ajuntamentos que possam constituir uma
perturbação da ordem pública». Não que constituam, reparem.
Este latíssimo leque de apreciação visa, não nos deixemos
enganar, a neutralização de demonstrações anti-insurrectos
que reúnam grande número de participantes, mais do que as
acções dos próprios criminosos, para cuja repressão já existia
abundante quadro legal. É que os dependentes dos jogos da
política partidária não dormem em serviço, pelo que não querem
ter de enfrentar reacção que os humilhe.
causas dos confrontos de Paris e a descrição dos
comportamentos das autoridades para os contrariar.
Um aspecto que falta desenvolver é o das relações
dos detentores do poder com a esmagadora maioria da
população, fruto dos acontecimentos. A primeira nota
vai para a "acalmação" que se tenta injectar nas veias
do Francês comum, exultando com o facto de anteontem só
terem ardido 463 carros e de, ontem, apenas 504, um aumento
ligeiríssimo, terem sido entregues às chamas. Só faltou
dizer que estes acontecimentos vieram a calhar para a
renovação do parque automóvel. A par das expectativas baixas
de que partem no balanço das alterações, os governantes - e
a oposição oficial que com eles faz coro -, esperavam que se
tivesse conseguido reunir, num feriado, grande número de
manifestantes «pela paz», o que, significaria que a condenação
geral dos amotinados não estaria a suscitar sentimentos
revanchistas na população, ao mesmo tempo que simbolizaria
a confiança nos «poderes da República». Compareceram 300
pessoas, o que dá uma ideia precisa da vontade que há em
resolver as coisas com paninhos quentes, fora da classe
política, bem como do grau de prestígio de que esta goza.
Daí a proibição de «ajuntamentos que possam constituir uma
perturbação da ordem pública». Não que constituam, reparem.
Este latíssimo leque de apreciação visa, não nos deixemos
enganar, a neutralização de demonstrações anti-insurrectos
que reúnam grande número de participantes, mais do que as
acções dos próprios criminosos, para cuja repressão já existia
abundante quadro legal. É que os dependentes dos jogos da
política partidária não dormem em serviço, pelo que não querem
ter de enfrentar reacção que os humilhe.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home