Usos e Abusos da Fotografia

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Depois da lamentosa e lamentável frase final de Lady Di, «deixem-me em paz», para os insensíveis profissionais que apontavam as câmaras à iminência dos seus restos mortais, hoje, a actriz Lindsay Lohan teve um acidente de automóvel de que resultaram lesões, felizmente não demasiado graves, tendo dito que fora provocado por uns paparazzi que a perseguiam. Parece haver fundo de verdade, pois já foram criminalmente indiciados. O que leva a uma reflexão sobre três níveis da fotografia:
1-o artista, que a usa para transformar o que é breve em perene.
2-O repórter, que actua tão aproximadamente quanto possível no Presente, no sentido de levar o facto como o viu, com subjectividade reduzida ou não assumida, ao espectador, para que este vença a distância.
3-O emboscado, sempre à cata de uma situação embaraçosa que, por vezes, força, para, furando a privacidade ou qualquer outro interdito, se fazer pagar regiamente, ou intervir numa controvérsia, representando a sua mais-valia, sempre, um mero roubo do Passado, sem as justificações de (in)temporalidade referidas nos exemplos anteriores.

Adenda em 6/10/2005, às 21.28H: Investigações ulteriores levaram à conclusão de que os fotógrafos não tiveram influência directa no acidente, embora estivessem na loja de que a acidentada saiu, com as câmaras apontadas para ela, o que a incomodou. Tudo o resto que foi escrito mantém-se, julgo, com validade.