À Memória de Frederico Pinheiro Chagas

Este 2º Tenente da Armada, oficial da Torre e Espada, c.c., suicidou-se pouco depois do Cinco de Outubro de 1910, desgostoso por ver que a oficialidade da Marinha de Guerra Portuguesa não se revelava fiel ao mundo que jurara. Arriscou assim a perdição, pela desesperança. Mas ouso crer que a motivação da honra e da fidelidade ao seu Soberano, bem como a idade em que a maldade humana ainda surpreende, serão motivos mais do que suficientes para lhe ser perdoada a falta. Merece, portanto, uma oração de todos os que dela sejam capazes.
Não consigo deixar de pensar no grande escritor Jacques Cazotte, na imagem, que conseguiu harmonizar a dupla lealdade a Deus e à Coroa, declarando, ao subir à guilhotina em que a feroz liberdade, a tenebrosa igualdade e a sanguinária fraternidade lhe cortaram a cabeça: «morro como sempre vivi: fiel ao meu Deus e ao meu Rei». Como eu sempre acrescento, não há muitos que se possam gabar do mesmo.