Mutações da Convivência
Nos Estados Unidos da América uma grande sondagem da
«Associated Press/Ipsos» apurou que a percepção arqui-
-maioritária na população é de que os seus compatriotas
adoptam maneiras cada vez piores. O curioso é que os dois
domínios em que os inquiridos consideram ser essa degradação
mais visível são no trânsito e em redor dos atendimentos de
chamadas de telemóvel, que arruínam as refeições e as saídas
nocturnas. O que me admira é que vejam ambas as situações
referidas como meras manifestações, em vez de causas delas.
Sem qualquer sustentáculo numérico, há muito que concluí que
guiar um automóvel e usar um tm deteriora os comportamentos.
Tendo tirado a carta de condução, logo aos 18 anos, nunca
mais guiei, apesar de para o efeito não me crer desajeitado.
É que nunca conheci ninguém de que gostasse mais ao volante
do que fora dele. Para além de ver transformações que diminuem,
no meu conceito, pessoas que estimo, outra razão há - é uma
injustiça, na medida em que conduzir implica prestar atenção a
uma quantidade de gente que a não merece.
Quanto ao telemóvel, estimula a tendência para a mentira. Não
beneficiando dos períodos de détente proporcionados pelas
deslocações, as pessoas tendem a inventar desculpas para não
terem de contribuir com a sua presença para este ou aquele
evento.
As grandes causas a que os norte-americanos atribuem a
crescente rudeza dos costumes são a educação menos rígida
ministrada em cada vez maior número de famílias monoparentais
e o "suspeito do costume", o stress. No fim de contas é a este
que tudo se reconduz, pois sendo a maior parte das infâncias e
adolescências em famílias com um só pai resultantes de divórcios,
muitos destes vêm, segundo confessam os que a eles recorrem,
resultando da incapacidade de acumular o stress emergente da
soma de uma vida profissional própria e de uma vida familiar
partilhada com cônjuge. Ora, quem já se sentiu stressado sabe
bem o quanto os engarrafamentos na estrada e grande caudal de
solicitações telefónicas contribuem para o avolumar. Donde,
estamos numa circularidade perfeita: sejam auto ou tele, os
móveis aparelhos são também causas da queda da cortesia mais
elementar.
Há novas nos comportamentos na INTERNET? A designação mais
procurada deixou de ser «Mulheres»; e «Nuas», que também andou
no top já nem consta das 10+, elencadas pelo Sapo. Mas calma
nas conclusões, o item mais demandado pasou a ser «Imagens». E
não creio que a maior parte das buscas incidam sobre vegetais!
Por outro lado, extrai-se da imprensa diária que a programação
televisiva com aumento mais significativo é a que integra conteúdos
para adultos, crescimento que a faz roçar os níveis de audiência dos
"programas informativos". Pois se se trata de uma e mesma coisa!
A temática ascendente é justamente aquela em que muito boa gente
se sente mais oprimida pela falta de informação...
«Associated Press/Ipsos» apurou que a percepção arqui-
-maioritária na população é de que os seus compatriotas
adoptam maneiras cada vez piores. O curioso é que os dois
domínios em que os inquiridos consideram ser essa degradação
mais visível são no trânsito e em redor dos atendimentos de
chamadas de telemóvel, que arruínam as refeições e as saídas
nocturnas. O que me admira é que vejam ambas as situações
referidas como meras manifestações, em vez de causas delas.
Sem qualquer sustentáculo numérico, há muito que concluí que
guiar um automóvel e usar um tm deteriora os comportamentos.
Tendo tirado a carta de condução, logo aos 18 anos, nunca
mais guiei, apesar de para o efeito não me crer desajeitado.
É que nunca conheci ninguém de que gostasse mais ao volante
do que fora dele. Para além de ver transformações que diminuem,
no meu conceito, pessoas que estimo, outra razão há - é uma
injustiça, na medida em que conduzir implica prestar atenção a
uma quantidade de gente que a não merece.
Quanto ao telemóvel, estimula a tendência para a mentira. Não
beneficiando dos períodos de détente proporcionados pelas
deslocações, as pessoas tendem a inventar desculpas para não
terem de contribuir com a sua presença para este ou aquele
evento.
As grandes causas a que os norte-americanos atribuem a
crescente rudeza dos costumes são a educação menos rígida
ministrada em cada vez maior número de famílias monoparentais
e o "suspeito do costume", o stress. No fim de contas é a este
que tudo se reconduz, pois sendo a maior parte das infâncias e
adolescências em famílias com um só pai resultantes de divórcios,
muitos destes vêm, segundo confessam os que a eles recorrem,
resultando da incapacidade de acumular o stress emergente da
soma de uma vida profissional própria e de uma vida familiar
partilhada com cônjuge. Ora, quem já se sentiu stressado sabe
bem o quanto os engarrafamentos na estrada e grande caudal de
solicitações telefónicas contribuem para o avolumar. Donde,
estamos numa circularidade perfeita: sejam auto ou tele, os
móveis aparelhos são também causas da queda da cortesia mais
elementar.
Há novas nos comportamentos na INTERNET? A designação mais
procurada deixou de ser «Mulheres»; e «Nuas», que também andou
no top já nem consta das 10+, elencadas pelo Sapo. Mas calma
nas conclusões, o item mais demandado pasou a ser «Imagens». E
não creio que a maior parte das buscas incidam sobre vegetais!
Por outro lado, extrai-se da imprensa diária que a programação
televisiva com aumento mais significativo é a que integra conteúdos
para adultos, crescimento que a faz roçar os níveis de audiência dos
"programas informativos". Pois se se trata de uma e mesma coisa!
A temática ascendente é justamente aquela em que muito boa gente
se sente mais oprimida pela falta de informação...
2 Comments:
At 6:30 PM, Anonymous said…
Paulo
Como estás ?
Só para envirar um abraço de um leitor atento
José Cunhal Sendim
At 8:46 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Zé,
bem, felizmente; e ainda melhor agora, que sei que continuas a visitar o «misantropo...».
Abraço.
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