Mussolini X Hitler
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Ninguém como o FG Santos para despertar debates interessantes. Ontem publicou um post que, a propósito de mais um aniversário da Marcha sobre Roma, relembrava a relutãncia em enfileirar ao lado de Hitler que, durante muitos anos, tinha caracterizado a política externa de Mussolini. O livrinho cuja capa aqui se reproduz contém 125 páginas de extractos de discursos e entrevistas, recolhidos e prefaciados por Philippe de Zara, em que o Estadista Italiano enfrenta o Fuhrer e as políticas dos alemães. No plano internacional a oposição italo-alemã foi prolongada, pela questão dos limites das fronteiras alemã e austríaca, bem como no respeitante ao tratamento da minoria de expressão germânica no Tirol italiano. Apesar de se ter visto quase como que empurrado para os braços do III Reich, pela indiferença dos aliados da Itália na guerra anterior quanto à segurança das fronteiras Norte italianas e pelas sanções impostas aquando da guerra na Etiópia - que a Alemanha furou -, Mussolini foi persistindo, assinando os acordos de Roma, em 1935, com a França; e só mudou, definitivamente, de campo quando, na iminência do Anshluss austríaco, britânicos e franceses, com cegueira criminosa, se recusaram a aceder ao que ele propunha: a reactivação de Locarno(1924-25),que visava garantir o statu quo fronteiriço emergente dos tratados que puseram fim à I Guerra Mundial.
Na Áustria, entretanto, os adeptos do Nacional-Socialismo, alfim triunfantes, com Seyss-Inquart, tinham-se sangrentamente enfrentado com as forças apoiadas por Mussolini, acabando no assassinato de Dollfuss e no derrube do seu sucessor.
Quanto à posição de Mussolini respeitante ao problema racial, ela estava bem longe das leis discriminatórias e persecutórias que, bastante mais tarde e por influência hitleriana, foram adoptadas. Não só as cúpulas Fascistas dos primeiros tempos integravam judeus em percentagem muito superior à presença deles na nação transalpina, como, em entrevista a Emil Ludwig, por exemplo, o Duce reafirma que «não existe raça pura», classificando esse conceito de ilusão e opinando que a "raça" de um indivíduo é a que ele escolhe defender. Quem tiver dificuldade em consultar a obra que, acima, sugiro, pode encontrar este diálogo reproduzido em «The Penguin Book of Interviews», Londres, 1993.
Para que conste; e que não se continue a repetir ideias erradas.
Ninguém como o FG Santos para despertar debates interessantes. Ontem publicou um post que, a propósito de mais um aniversário da Marcha sobre Roma, relembrava a relutãncia em enfileirar ao lado de Hitler que, durante muitos anos, tinha caracterizado a política externa de Mussolini. O livrinho cuja capa aqui se reproduz contém 125 páginas de extractos de discursos e entrevistas, recolhidos e prefaciados por Philippe de Zara, em que o Estadista Italiano enfrenta o Fuhrer e as políticas dos alemães. No plano internacional a oposição italo-alemã foi prolongada, pela questão dos limites das fronteiras alemã e austríaca, bem como no respeitante ao tratamento da minoria de expressão germânica no Tirol italiano. Apesar de se ter visto quase como que empurrado para os braços do III Reich, pela indiferença dos aliados da Itália na guerra anterior quanto à segurança das fronteiras Norte italianas e pelas sanções impostas aquando da guerra na Etiópia - que a Alemanha furou -, Mussolini foi persistindo, assinando os acordos de Roma, em 1935, com a França; e só mudou, definitivamente, de campo quando, na iminência do Anshluss austríaco, britânicos e franceses, com cegueira criminosa, se recusaram a aceder ao que ele propunha: a reactivação de Locarno(1924-25),que visava garantir o statu quo fronteiriço emergente dos tratados que puseram fim à I Guerra Mundial.
Na Áustria, entretanto, os adeptos do Nacional-Socialismo, alfim triunfantes, com Seyss-Inquart, tinham-se sangrentamente enfrentado com as forças apoiadas por Mussolini, acabando no assassinato de Dollfuss e no derrube do seu sucessor.
Quanto à posição de Mussolini respeitante ao problema racial, ela estava bem longe das leis discriminatórias e persecutórias que, bastante mais tarde e por influência hitleriana, foram adoptadas. Não só as cúpulas Fascistas dos primeiros tempos integravam judeus em percentagem muito superior à presença deles na nação transalpina, como, em entrevista a Emil Ludwig, por exemplo, o Duce reafirma que «não existe raça pura», classificando esse conceito de ilusão e opinando que a "raça" de um indivíduo é a que ele escolhe defender. Quem tiver dificuldade em consultar a obra que, acima, sugiro, pode encontrar este diálogo reproduzido em «The Penguin Book of Interviews», Londres, 1993.
Para que conste; e que não se continue a repetir ideias erradas.
4 Comments:
At 3:11 PM, vs said…
Bem haja o Paulo por ajudar a repor a verdade dos factos.
É que há por aí muita gente equivocada quanto ao 'ventennio'.
Nacional-Socialismo pouco tem a ver com Fascismo.
Embora eu não seja apoiante do Fascismo (por não ser 'socialista' e por me pareer uma completa impossibilidade uma sociedade corporativa e orgânica) é necessário fazer as correctas distinções.
E ainda há quem diga que o Salazar era NAZI.
Enfim, que se há-de fazer....
At 3:33 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Nelson;
Eu também sou crítico de vários aspectos do Fascismo, como sejam a existência de partidos, embora de um só, que me desgosta profundamente; e do carácter milicial que era base importante do regime, o que me repugna, por constituir uma generalização a uma massa ideologicamente doutrinada para parapoliciamentos políticos do que deve ser exclusivo de um corpo virado para a defesa contra o inimigo externo - os traços marciais.
Mas isso não deve ser desculpa para aceitar falsidades.
Abraço.
At 1:23 AM, vs said…
"... como sejam a existência de partidos..."
Ora cá está.
É por isso que o Paulo, lá no fundo, aprecia tanto a política anglo-saxónica.
É que o termo Partido, em portugu~es, tem um significado não muito abonatório.
Já em inglês, temos:PARTY!
Em vez de uma sociedade 'partida'....temos uma gigantesca festarola.
Como eu o compreendo, como eu o compreendo....
:)
At 6:18 AM, Paulo Cunha Porto said…
Hihihihihihi!
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