O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, October 29, 2005

Leitura Matinal -163

A angústia de querer dar algo com verdadeiro significado, no
relacionamento entre duas pessoas, ocorre frequentemente,
na adolescência, mas não só. É a agrura de quem encara o
que sente como tão alto, que se torna impossível encontrar
uma oferta ao nível do que dela está por detrás.
Quando essa pequena crise é encaixada na ânsia de oferecer
uma coisa que se haja escrito e nada se encontra com dignidade
bastante, torna-se dupla a dor. Em clara retribuição de «Un Taxi
Mauve» que lhe fora dedicado por Michel Déon, Manuel Vinhas,
em epígrafe do seu livro «Profissão - Exilado» diz que «se fosse
um escritor», gostaria de dedicar aquela obra ao Autor Francês.
Se o que está subjacente é o Amor, a coisa complica-se. O
renitente mas entusiasta ofertante pode pensar que exprimir a
sua intenção valerá mais do que qualquer inalcançada
materialização dela. E talvez não esteja errado, dependendo do
outro. Mas esquece o mais cativante de tudo - o grau de conflito
que viveu, o qual, num momento raro, parece reunir o parceiro
no nível de importância que concede a si próprio, ou ainda num
maior.
Ou como uma das melhores concretizações da Beat Generation,
Denise Levertov, viu

OS DIREITOS

Eu quero oferecer-te
qualquer coisa que haja feito

algumas palavras sobre uma página - como
se para dizer: «Eis aqui algumas pérolas azuis»

ou: «Eis aqui uma folha vermelha e brilhante que encontrei

sobre o passeio (porque

achar é escolher, e a escolha
faz-se). Mas é difícil:

até agora nada achei além
do desejo de dar, de oferecer. Ou

reposições de velhas palavras? Vivas
e cruéis; outrossim insensatas.
.......................................................Toma

isto em troca, talvez - uma semi-
promessa: Se

eu alguma vez escrever
um poema de uma certa têmpera
.........................(voluntário, terno, evasivo,
.........................triste & libertino)

Oferecer-to-ei.

2 Comments:

  • At 10:38 AM, Anonymous Anonymous said…

    "A única coisa que me separa da árvore ou mesmo de um monte de terra, é a Angústia"

    HÉRBERT, Anne

    I

     
  • At 4:16 PM, Anonymous Anonymous said…

    "Encontrarmo-nos diante das coisas liberta o espírito. Encontrarmo-nos diante dos homens, de dependermos deles, avilta, e tal acontece, quer esta dependência tenha a forma da submissão, quer a da autoridade.
    Porquê estes homens entre mim e a natureza?
    Nunca ter de contar com um pensamento desconhecido... (porque, nesse caso, somos abandonados ao acaso).
    Remédio: fora dos laços fraternos, tratar os homens como um espectáculo e nunca procurar a Amizade. Viver no meio dos homens como no vagão de Saint-Etienne a Puy...Sobretudo nunca permitir-se desejar a Amizade. Tudo se paga.Conta só contigo."

    Simone Weil, in "A Gravidade e a Graça"

    Innie

     

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