O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, October 08, 2005

Hagiografia




Hoje quero falar-vos de um Tema muito acima da média. Neste Oito de Outubro comemora o seu aniversário um dos melhores blogues portugueses, o «Santos da Casa». Se alguém quiser, realmente, pensar o que o rodeia, deve lê-lo. O seu extaordinário Criador, FG Santos fornece-nos sempre análises assentes numa ponderação tão grande como a sua enorme erudição. Mas desenganem-se os que concluam, apressadamente, ser o resultado um recanto bafiento para ratos de biblioteca reconvertidos à informática. Não! Também o estilo é atraente e, sempre, a intervenção oportuna.
Vocacionou-se o FG Santos, preferencialmente, para a análise de política internacional, embora a ela se não confine. Segue ainda aqui os passos do nosso comum Mestre, Maurras, autor dessa maravilha de lucidez que é «Kiel et Tanger», com a acuidade desmitificadora desse Grande Exemplo, mas sem a frieza do Imortal Escritor da Provença. É que eu, depois de me iniciar na blogosfera, conheci in persona o FG Santos. Não pode ser ainda melhor do que no respectivo blogue, porque não se consegue lograr o impossível. Mas é tão bom como nele. Além de uma urbanidade a toda a prova e de uma genuína amizade pela qual este Vosso servo teve a honra de ser bafejado, é um magnífico parceiro de conversa, em jantar de Amigos. O que vem ao encontro de outra peça essencial do Carácter que revela na blogosfera - uma constante disponibilidade para o debate de ideias, sem que, contudo, a sua generosidade o faça cair em excessos polémicos. Prova provada da suma discrição deste Diamante da bloguística: enquanto Outros Grandes Confrades nos alertaram para as passagens dos respectivos aniversários, com eles convidando os colegas a confraternizar, por via desses magníficos pretextos, a incorrigível modéstia deste raríssimo Valor leva-o a uma única pequena nota, já hoje, sobre a passagem da data, em que, cúmulo da magnanimidade, passa a maior parte do post a louvar os seus interlocutores neste meio. De alguns dos que cita já eu disse o muito que lhes devo. Do «Pena e Espada» e do «Sexo dos Anjos», nas respectivas casas, a seu convite, nas celebrações dos correspondentes anos. De «Último Reduto» e de «Nova Frente», aqui mesmo, neste albergue indigno deles. Hoje cabe a vez ao nosso Homem. Escrevo em azul, não por ser a minha cor preferida, ou por querer meter-me com Ele, a propósito do cromatismo israelita. Visa homenagear o seu querido Belenenses, do qual acrescento uma fotografia do ano em que foram campeões nacionais. Coloco diante de Vós, igualmente, retratos de Maurras e de Anton Bruckner, este com a particularidade de ter aproveitado as cores de uma pintura de juventude do próprio. Sei que é desajeitado e insuficiente o meu testemunho. Numa tentativa de reforçá-lo prometo, ainda hoje, mais para diante, ouvir a interpretação que a «Berliner Philarmoniker», sob a batuta de Eugen Jochum, realizou, em 1964, da 8ª Sinfonia de Bruckner, ao que penso, a música favorita do nosso Homenageado.
Se eu fosse um extraterrestre acabadinho de chegar ao Mundo dos blogues e me perguntassem como gostaria que fosse um, meu, sendo pretensioso, responderia que o quereria aproximado ao que, para bem de todos, é a Obra de Santos.

8 Comments:

  • At 10:52 AM, Blogger Flávio Santos said…

    Meu caro Amigo, deixas-me sem palavras. Só posso dizer que o elogio é desproporcionado, pelo menos no que às qualidades do blogue diz respeito. A homenagem tocou-me, nomeadamente pelas três fotografias. E pelo azul, claro. E fica sabendo que tenho em casa precisamente a leitura de Eugen Jochum da 8ª de Bruckner (além de uma gravação em VHS de uma transmissão no canal Mezzo da interpretação da mesma obra pelo imortal Sergiu Celibidache).
    Um abraço sentido por este postal transbordante de amizade e hipérbole.

     
  • At 11:05 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro, ambos sabemos que é mais do que merecido. O Celibidache era espantoso. Pena que ele detestasse o estúdio! Para além de abominar música em conserva e os jogos das editoras, dizia que um músico só consegue transcender-se com a presença do público. Claro que isto foi antes da inundação dos telemóveis...
    Recebe um abraço apertado, por este dia feliz.

     
  • At 2:47 PM, Blogger Flávio Santos said…

    Sabes que Celibidache dizia que ouvir música gravada em estúdio era como fazer amor com uma boneca insuflável?... E também era doido por futebol e, ao que parece, só não seguiu carreira de futebolista por um problema físico! Sorte dos melómanos!
    O maior desgosto de toda a minha vida, em termos musicais, foi não ter assistido ao concerto que deu em 1994 com a Filarmónica de Munique, no Coliseu de Lisboa, onde interpretou a 8ª do grande Bruckner; a Antena 2 já trasmitiu esse concerto pelo menos 2 vezes, que ouvi em estado de quase êxtase; até o Coliseu, coisa rara, estava quedo e mudo a escutar o histórico concerto.

     
  • At 7:18 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Essa da boneca é de antologia. Não lhe conhecia os dotes desportivos, não. Mas domar o Coliseu é tarefa de tomo. Lembro-me da vinda cá da Ac. of St. Martin in Fields, em que me apeteceu distribuir umas chapadas. E, quanto a iniciativas, costumo ser bem pacífico.

     
  • At 7:22 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Ah, faltou dizer o nome do maestro contra quem a tremenda audiência atentou: Neville Marriner.

     
  • At 11:39 PM, Blogger vs said…

    Não era o Maurras que...

    ...ai valha-me Deus!!!

    era melhor uma foto da Sharapova
    :)

     
  • At 10:43 AM, Blogger Flávio Santos said…

    Há uma "faceta" do Mestre de Martigues que o Paulo não partilha... Gostaria de o ver um dia a falar sobre isso.
    Voltando ao Coliseu, há outro episódio esclarecedor sobre o público daquela casa; passou-se com o grande maestro Georg Solti. No final de um concerto, Solti voltou-se para a plateia e disse: "If you promise not to cough, I will play an extra!"

     
  • At 1:32 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Se é aquela que eu penso... podemos falar quando quiseres, mas penso que há muita prisão a ressentimentos do passado.
    Essa história do Solti, lembro-me bem de a ter lido no «Cartaz» do «Expresso», mas não tinha retido que se passara no Coliseu.
    Uns bárbaros!

     

Post a Comment

<< Home

 
">
BuyCheap
      Viagra Online From An Online pharmacy
Viagra