À Mon Plaisir
Para além das coisas sérias, as qualidades intelectuais e as de
carácter, costumo definir, arbitrariamente, três virtudes
que gosto de ver num Conhecimento: ser do Benfica, prezar os
gatos, gostar de queijo. Ao ponto de desconfiar de que dificilmente
alguém poderá ser boa pessoa se não possuir pelo menos uma
destas características. Do Benfica, venho falando. Aos gatos
ainda tornarei. Hoje vou falar-vos de queijo.
A maravilha que o queijo é ultrapassa tudo o que possa ser
descrito. Antes da descoberta da penicilina, o queijo bolorento
era medicina para muita doença. E reza a história que com bons
resultados.
Os Yoruba rendiam culto religioso ao queijo por via de um dos
seus mitos maiores: estando um antílope à beira do lago e surgindo
uma hiena esfomeada disposta a atacá-lo, ele teria apontado para a
imagem da Lua reflectida na água e perguntado por que é que ela,
com tanta fome, não preferia comer aquele queijo que ali boiava.
Imagina-se o seguimento...
Salvador Dali adorava, como eu, a pintura de Mantegna, e, a propósito,
dizia que os Corpos do Cristo Morto que ele pintou lhe lembravam um
imenso queijo. Nunca compreendi totalmente a apreciação e, tratando-
-se de quem era, devemos ser prudentes ao procurar uma explicação.
Mas julgo que seria baseada numa aproximação da cor esverdeada ao
bolor do queijo, bem como das Chagas aos buracos do mesmo.
Mas Dali também sabia que a comparação de Cristo e do queijo tinha
uma ancestralidade remota em Santo Agostinho, quando, nas
«Confissões», fala, a respeito, nos «Coágulos de Leite», que, em traduções
famosas, foram dados como Queijo.
E uma seita herética houve, a dos Tartotiritas, que dava a Comunhão em
três espécies - pão, vinho e queijo.
Mas não se pense que a laicidade está isenta do culto desse magno
lacticíneo. O «Mammoth Cheese» é, ainda hoje, um elemento simbólico da
Liberdade de Religião, porque, em consequência da legislação assinada
por Thomas Jefferson que livrou a corporação dos queijeiros do Estado do
Massachussetts, quase todos dissenters, da tirania eclesial calvinista das
autoridades locais, os beneficiados lhe ofertaram um queijo gigantesco.
Como se vê, se todos os caminhos vão dar a Deus, muitos vão parar ao
queijo.
Com a devida vénia ao Duarte Branquinho, que dele não gosta. Mas que é
um Senhor Benfiquista.
carácter, costumo definir, arbitrariamente, três virtudes
que gosto de ver num Conhecimento: ser do Benfica, prezar os
gatos, gostar de queijo. Ao ponto de desconfiar de que dificilmente
alguém poderá ser boa pessoa se não possuir pelo menos uma
destas características. Do Benfica, venho falando. Aos gatos
ainda tornarei. Hoje vou falar-vos de queijo.
A maravilha que o queijo é ultrapassa tudo o que possa ser
descrito. Antes da descoberta da penicilina, o queijo bolorento
era medicina para muita doença. E reza a história que com bons
resultados.
Os Yoruba rendiam culto religioso ao queijo por via de um dos
seus mitos maiores: estando um antílope à beira do lago e surgindo
uma hiena esfomeada disposta a atacá-lo, ele teria apontado para a
imagem da Lua reflectida na água e perguntado por que é que ela,
com tanta fome, não preferia comer aquele queijo que ali boiava.
Imagina-se o seguimento...
Salvador Dali adorava, como eu, a pintura de Mantegna, e, a propósito,
dizia que os Corpos do Cristo Morto que ele pintou lhe lembravam um
imenso queijo. Nunca compreendi totalmente a apreciação e, tratando-
-se de quem era, devemos ser prudentes ao procurar uma explicação.
Mas julgo que seria baseada numa aproximação da cor esverdeada ao
bolor do queijo, bem como das Chagas aos buracos do mesmo.
Mas Dali também sabia que a comparação de Cristo e do queijo tinha
uma ancestralidade remota em Santo Agostinho, quando, nas
«Confissões», fala, a respeito, nos «Coágulos de Leite», que, em traduções
famosas, foram dados como Queijo.
E uma seita herética houve, a dos Tartotiritas, que dava a Comunhão em
três espécies - pão, vinho e queijo.
Mas não se pense que a laicidade está isenta do culto desse magno
lacticíneo. O «Mammoth Cheese» é, ainda hoje, um elemento simbólico da
Liberdade de Religião, porque, em consequência da legislação assinada
por Thomas Jefferson que livrou a corporação dos queijeiros do Estado do
Massachussetts, quase todos dissenters, da tirania eclesial calvinista das
autoridades locais, os beneficiados lhe ofertaram um queijo gigantesco.
Como se vê, se todos os caminhos vão dar a Deus, muitos vão parar ao
queijo.
Com a devida vénia ao Duarte Branquinho, que dele não gosta. Mas que é
um Senhor Benfiquista.
9 Comments:
At 12:48 PM, João Villalobos said…
Como pode uma pessoa tornar-se tartoritita?
At 6:38 PM, Anonymous said…
Basta ir ao forno e deixar torrar bem.
At 7:07 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ao João Villalobos:
É uma declaração de intenções, ou uma demarcação?
Ao Autor do segundo comentário:
Hihihihi!
At 8:38 PM, �ltimo reduto said…
Serve o presente para manifestar absoluta e incondicional concordância no que ao quijo diz respeito. Vivia perfeitamente mesmo que fosse o único alimento à face da terra e aliás, escrevo este comentário com um nadinha de Chevre aqui ao lado.
Quanto aos gatos, nada contra.
A terceira condição não tem, com o devido respeito, ponta por onde se lhe pegue :)
At 9:40 PM, Anonymous said…
Caríssimo Paulo Cunha Porto:
Juntando - a esses três fundamentais 'Cultos' - Mulheres e Livros, podemos afirmar que ficamos numa Confraria de Estetas e Sábios...!
At 8:49 AM, Anonymous said…
Ah! Gostou?
Hihihihi!
At 4:49 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ao Amigo Pedro Guedes:
Uuuuuuuum chleeeeip, quanto ao Chevre. No que toca à terceira condição, é sempre tempo de arrepiar caminho. Se o Pedro entender fazer-se sócio do SLB, dê a este pobre mas devotado amigo a honra de o propor. Tenho sempre um papelucho desses na gaveta da secretária...
At 5:13 AM, Anonymous said…
Não resisto a dar à estampa electrónica o poema do meu heterónimo Dick Hard, autor de "De boas erecções está o Inferno cheio":
HISTÓRIA BREVE DE MERETRIZ QUE TROCAVA FAVORES SEXUAIS POR SANDUÍCHES DE QUEIJO
Pão Pão
Queijo Queijo
Pau Pau
Beijo Beijo
Adoro queijo! Adoro gatos! E estive hoje na Luz a ver o hóquei (Benfica,2 FC Porto, 2). Mas sou do Sporting. Na hora do Halmstads fui para a hidroginástica. Cada um mete água onde pode: eu no Holmes Place, o Peseiro no Alvaláxia. Brevemente o "técnico" poderá conciliar. Vai lá abrir um Holmes.
At 10:33 PM, Anonymous said…
Grande post, seu águia!
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