Manicheismos
Gosto de ler e ouvir Miguel Sousa Tavares, com uma
solitária excepção - quando trata de futebol. Aí, o
portista facciosismo costuma tolher por completo as
capacidades críticas do Homem. Mas não posso endossar
com mais entusiasmo o que escreveu ontem em «A Bola»,
sobre o jogador Maniche e o propalado desgosto deste
com a Rússia. Chegámos a um ponto em que, numa atmosfera
geral de desvalorização dos compromissos assumidos,os
jogadores, erguidos a elite da hora, não estão dispostos
a suportar sacrifícios que contratos milionários, por
tabela, lhes imponham, com a possível excepção dos que se
confinam às lesões contraídas na actividade desportiva.
É uma inversão da humildade tradicionalmente característica
do emigrante. E é ainda mais: juntamente com o esbatimento
da religiosidade, salvo dos pedidos mirando as satisfações
pessoais, agiganta-se um afastamento da imposição interior
do cumprimento do dever, assassinada pela abundância em que
se vai nadando. Enfim, as duas grandes causas da decadência
dos romanos, como foram vistas por Gibbon e Montesquieu.
solitária excepção - quando trata de futebol. Aí, o
portista facciosismo costuma tolher por completo as
capacidades críticas do Homem. Mas não posso endossar
com mais entusiasmo o que escreveu ontem em «A Bola»,
sobre o jogador Maniche e o propalado desgosto deste
com a Rússia. Chegámos a um ponto em que, numa atmosfera
geral de desvalorização dos compromissos assumidos,os
jogadores, erguidos a elite da hora, não estão dispostos
a suportar sacrifícios que contratos milionários, por
tabela, lhes imponham, com a possível excepção dos que se
confinam às lesões contraídas na actividade desportiva.
É uma inversão da humildade tradicionalmente característica
do emigrante. E é ainda mais: juntamente com o esbatimento
da religiosidade, salvo dos pedidos mirando as satisfações
pessoais, agiganta-se um afastamento da imposição interior
do cumprimento do dever, assassinada pela abundância em que
se vai nadando. Enfim, as duas grandes causas da decadência
dos romanos, como foram vistas por Gibbon e Montesquieu.
1 Comments:
At 10:59 AM, O Corcunda said…
Eu ainda lhe digo mais! Toda a questão de direito laboral não deveria ser aplicada a jogadores auferidores de mais de 5000 euros/mês! Primeiro porque um jogador formado por um treinador de classe mundial é o mesmo que um mergulhador de alta profundidade ou um piloto de caça... Não deve dispor livremente de uma formação em troca de um contrato com termo máximo de 4 anos!
Para além disso não acredito que no futebol de alta competição não exista paridade entre o empregador e o empregado, sobretudo porque o grande activo dos clubes são direitos desportivos dos jogadores!
Perplexidades das nossas sociais-democracias!
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