Leitura Matinal -112
Por que razão não se harmoniza a satisfação com a
Poesia? Para os mais púdicos porque um estado de
saciedade não deve ser ostentado. Para os desenganados
porque resvalam para o pendor de considerar o canto de
sucessos, paradoxalmente, como... "devaneios de poetas".
O certo é que mesmo o maravilhamento amoroso e a epopeia
precisam, para agradar, dos escolhos vencidos, que são
incompatíveis com a tranquilidade do depósito atestado,
sempre soando a falsidade.
Nesta onda os espíritos mais sofisticados aspiram à
inquietação, os mais simples necessitam do queixume.
De Júlio Dinis,
PROFISSÃO DE FÉ
Se vires a lira entoar alegrias,
Prazeres e orgias, das festas à luz,
Não creias as vozes que solta; mentida
É toda essa vida, que nela se transluz.
Se a vires cantando felizes amores,
Perfumes de flores parecendo aspirar,
Não creias; minh´alma surgir não viu inda
A aurora bem-vinda de grato raiar.
Se vendo no mundo sòmente ímpias cenas,
Perfídias apenas, funestas paixões,
De escárnio e desprezo soltar os seus cantos,
São falsos; que em prantos lhe vão ilusões.
Porém, quando triste, falar da saudade,
Em grata ansiedade fitar o porvir
Em sonhos de esperanças, talvez que mentidas,
Soltar seus gemidos, temor exprimir;
Se a ouvires falando de chamas ocultas
Que n´alma sepultas encobrem seus véus,
Quais fogos acesos ao ar elevados,
Ardendo ateados, n´uma ara sem Deus;
Se a vires nos cantos falar magoada,
Da luta travada no meu coração,
Que muito deseja, que tanto empreende
E em vão se defende de ignota prisão;
Ouvindo-a em segredo soltar suas queixas
E em tristes endeixas sentida gemer,
Chorar o passado, odiar o presente
E ao longe sòmente fulgores entrever;
Então crê os hinos que ouvires à lira,
O peito os inspira, do peito eles vêm.
A mão indiferente suas cordas não pulsa
Febril e convulsa se agita também.
Poesia? Para os mais púdicos porque um estado de
saciedade não deve ser ostentado. Para os desenganados
porque resvalam para o pendor de considerar o canto de
sucessos, paradoxalmente, como... "devaneios de poetas".
O certo é que mesmo o maravilhamento amoroso e a epopeia
precisam, para agradar, dos escolhos vencidos, que são
incompatíveis com a tranquilidade do depósito atestado,
sempre soando a falsidade.
Nesta onda os espíritos mais sofisticados aspiram à
inquietação, os mais simples necessitam do queixume.
De Júlio Dinis,
PROFISSÃO DE FÉ
Se vires a lira entoar alegrias,
Prazeres e orgias, das festas à luz,
Não creias as vozes que solta; mentida
É toda essa vida, que nela se transluz.
Se a vires cantando felizes amores,
Perfumes de flores parecendo aspirar,
Não creias; minh´alma surgir não viu inda
A aurora bem-vinda de grato raiar.
Se vendo no mundo sòmente ímpias cenas,
Perfídias apenas, funestas paixões,
De escárnio e desprezo soltar os seus cantos,
São falsos; que em prantos lhe vão ilusões.
Porém, quando triste, falar da saudade,
Em grata ansiedade fitar o porvir
Em sonhos de esperanças, talvez que mentidas,
Soltar seus gemidos, temor exprimir;
Se a ouvires falando de chamas ocultas
Que n´alma sepultas encobrem seus véus,
Quais fogos acesos ao ar elevados,
Ardendo ateados, n´uma ara sem Deus;
Se a vires nos cantos falar magoada,
Da luta travada no meu coração,
Que muito deseja, que tanto empreende
E em vão se defende de ignota prisão;
Ouvindo-a em segredo soltar suas queixas
E em tristes endeixas sentida gemer,
Chorar o passado, odiar o presente
E ao longe sòmente fulgores entrever;
Então crê os hinos que ouvires à lira,
O peito os inspira, do peito eles vêm.
A mão indiferente suas cordas não pulsa
Febril e convulsa se agita também.
2 Comments:
At 2:25 PM, Anonymous said…
Não tentes falar comigo.
Depois explico.
At 10:42 PM, Anonymous said…
Os problemas aqui continuam, se escrevo é porque me sinto mais perto de ti, hoje ao ouvir a tua voz senti um prazer tão bom, que nem imaginas.
Depois de falar contigo fui passear junto ao mar, fiz uma coisa que não fazia desde miúda: escrevi os nossos nomes num banco de madeira, que tolice!Tens de ver...beijomolhadohúmidodoce...
tudo para ti, mereces.
bj
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