O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, August 20, 2005

Leitura Matinal -93

A ingente sensibilidade à beleza espantosa lida na
natureza e na acção das suas cíclicas transformações
sobre a matéria moldável que é a mente do Homem indica,
muitas vezes, o estádio anímico e moral de uma civilização.
Duma época em que os seres humanos não ateavam fogos a
matas visando um parco ganho em vil metal, antes da
decadência, enfim, a cultura céltica dava-nos conta da
harmonia entre homem e ambiente, no mês que medeia entre
os rigores invernais e a opressão dos calores.
Traduz José Domingos Morais, de um galês do século XIV,
Dafydd ap Gwilym:

O MÊS DE MAIO

Deus bem sabia que o tempo certo
Para o Mundo crescer é o suave mês de Maio.
Os juncos despontam, é certo e sabido, viçosos e esbeltos
No dia primeiro do mês de Maio.
Eu olho e vejo a copa das árvores vestidas do verde
Que Deus lhes deu no tempo de luz do mês de Maio.
Jóia sem preço e doce alegria de poetas e bardos
É o tempo que vem nos dias formosos do mês de Maio.

Um jovem garboso de muitos encantos,
Senhor generoso e amigo leal é o mês de Maio.
Ele me deu riquezas sem fim:
A bela flor das aveleiras do mês de Maio
A frescura nova da nova folhagem na copa das árvores,
Brasão de nobreza e flor de lis do mês de Maio.
O Senhor me guarda de enganos e erros
Abrigado no manto tecido de folhas do mês de Maio.
Não quero pensar no que será de mim,
Qual o tormento se um dia acabar o mês de Maio.

Os olhos olhei da moça formosa que olhou meus olhos,
Donzela gentil escolhida no coro do primeiro dia do mês de Maio.
Patrono dos poetas e dos amantes,
Meu guardião e minha esperança é o mês de Maio.
Abençoado do Deus e meu Senhor Todo Poderoso,
Sua cor é o verde, a cor da glória do mês de Maio
Chovem as dádivas do Céu sobre este mundo
Nos dias mais belos da minha vida, o mês de Maio.

Verdes são os montes e os poetas cantam amores jubilosos
Longos os dias na frescura dos bosques do mês de Maio.
E verdes também, de seiva e de viço, a folhagem das árvores
E a erva do vale luzindo na luz do mês de Maio.
As noites são breves e os dias não pesam
E é esplendoroso o voo do falcão e o melro negro no mês de Maio.
Meu corpo e minh´alma e os meus sentidos não falam e dizem
Que é sem igual a imensa glória do mês de Maio.

Conhecem o pavão e suas plumas de verde e azul,
Aves formosas ou outros bichos? Por cima de todos está o mês de Maio.
Digam-me quem, em tempo tão breve saberia erguer
Uma obra igual apenas com folhas, senão o tempo do mês de Maio.
Ele ergueu muralhas de cores variadas
Com a delicada e fina folhagem das aveleiras do mês de Maio.
O inverno é o tempo, antes o não fosse, de chuvas e charcos.
Este é diverso, é doce e suave e muito gentil o mês de Maio.

Canta a Primavera a sua despedida
No ouro luminoso da fortuna dourada do mês de Maio.
Ouvem-se passos: é o Verão caminhando muito ao de leve
Para não manchar a pureza sem mácula do mês de Maio.
Eu quero vestir-me com as verdes folhas da aveleira,
Que este é o tempo de glória e de festa do mês de Maio!
Oh Deus Poderoso que tudo sabes e moras no Alto,
Manda que o tempo, pela mão de Maria, traga o anúncio do Mês de Maio!

3 Comments:

  • At 9:21 AM, Anonymous Anonymous said…

    Oh!Meus Deus! É lindo, lindo, lindo, lindo, lindo...
    isabel

     
  • At 12:07 PM, Anonymous Anonymous said…

    Agradecida do fundo do meu coração.
    O Misa sabe do que falo.
    Mil vezes obrigada por ser como é.
    Isabel.

     
  • At 10:20 AM, Anonymous Anonymous said…

    Gostava que amanhã fosse diferente...
    1 de maio de 2006 , innie

     

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