Leitura Matinal -86
É a persistência num investimento de si, contra
o que o bom senso e o realismo aconselham, uma
rota de vida geradora, em simultãneo, do desdém
e da admiração d´outrem. O problema é falso. Quem
progrediu suficientemente na fidelidade às suas
construções internas, com toda a probabilidade,
não estará já suspenso dos juízos que em seu redor
sejam emitidos ou abafados. O resto é o que menos
importa, mas também o que mais ocupa as mentes: a
felicidade que se possa retirar da oposição entre
a grandeza pessoal da fidelidade a um mito alimentado
interiormente, viciante mas estabilizador, e a dura
falta de consecução, ou lonjura. Mas dessa dialéctica
do sentir, quer num quer dos vários, se faz, ainda,
o jogo do Mundo.
De Augusto Gil:
FUMO
O fumo é a grafia com que escreve
A mão devaneadora da quimera
No seu estilo curvilíneo, leve,
E vário como um céu de primavera.
Eu dela (quem melhor a compreendera!)
Entendo só algum dizer mais breve...
Gente há que a compreende e considera
Clara como o luar em chão de neve:
São os alheados, os que vão sonhando
Ininterruptamente, mesmo quando
Os chicoteia o máximo tormento,
Os que, já sem remédio, ainda esperam;
Os felizes da desgraça - os que souberam
Pôr toda a sua fé num sentimento!...
o que o bom senso e o realismo aconselham, uma
rota de vida geradora, em simultãneo, do desdém
e da admiração d´outrem. O problema é falso. Quem
progrediu suficientemente na fidelidade às suas
construções internas, com toda a probabilidade,
não estará já suspenso dos juízos que em seu redor
sejam emitidos ou abafados. O resto é o que menos
importa, mas também o que mais ocupa as mentes: a
felicidade que se possa retirar da oposição entre
a grandeza pessoal da fidelidade a um mito alimentado
interiormente, viciante mas estabilizador, e a dura
falta de consecução, ou lonjura. Mas dessa dialéctica
do sentir, quer num quer dos vários, se faz, ainda,
o jogo do Mundo.
De Augusto Gil:
FUMO
O fumo é a grafia com que escreve
A mão devaneadora da quimera
No seu estilo curvilíneo, leve,
E vário como um céu de primavera.
Eu dela (quem melhor a compreendera!)
Entendo só algum dizer mais breve...
Gente há que a compreende e considera
Clara como o luar em chão de neve:
São os alheados, os que vão sonhando
Ininterruptamente, mesmo quando
Os chicoteia o máximo tormento,
Os que, já sem remédio, ainda esperam;
Os felizes da desgraça - os que souberam
Pôr toda a sua fé num sentimento!...
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