O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, July 17, 2005

Leituras Matinais -59

1- Conhecem-me os Amigos uma inundante tendência
para a preguiça que, nesse Círculo até há pouco
pequeno e sempre magnânimo - adquiriu foros de
lendária. Tendo perspectivado muitos e bons
cantos de sereia para a acção, descobri sempre
motivos ainda melhores para quietude. Não se
duvide, estamos perante o meu pecado mortal
preferido. Uma explicação para que me cale
tão fundo um poema de Álvaro Feijó, em que o
confronto das grandes motivações com a letargia
advinda das contra-indicações delas desemboca
no

MARASMO

Há dentro de mim, como um búzio,
a voz do Mar.

A voz do Mar
que me chama e me apresenta
as rotas de longuíssimas viagens,
segredos de estranhíssimas paragens
com novas gentes
e com mistérios por descobrir.

E eu sempre na atitude preguiçosa
de quem lhe custa fazer as malas
só por trazê-las atrás de si!




2- E, dirão, trata-se de outra forma de
indolência. Defendo eu, ao invés, que a
máscara de impassibilidade é segura prova
de respeito pelo interlocutor e por si.
Sempre me provocou formigueiro incomodativo
testemunhar a fraqueza daqueles que, inquiridos
urbanamente pela saúde, desatam a detalhar
rol clínico e patologias sentimentais que os
dominam. Continuando com o mesmo poeta, uma
irrefutável apologia da Máscara:

CONVENCIONAL

Todos os dias se lê:
«Nada de novo na frente»...
E, para mim,-e para toda a gente-
a prosa militar
encobre
o desespero, a luta, a dor de combater
e de morrer
por quê?

Embora minta
-e por estar afeito
a encobrir-me-
por desistir de olhar o próprio peito,
eu digo sempre
-mesmo não sinta-
«Nada de novo na frente».

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