Leitura Matinal -71
Não, não caí na necrofilia, nem desejo insinuar
que os seres humanos bons são os que estão mortos.
Serve o poema hoje publicado, da autoria de um
médico, para repensar como algo naturalmente
repulsivo nos pode impulsionar para a meditação
do Absoluto e estimular a aceitação do Criado
como artéria privilegiada que leve à Redenção
Última ou ao seu Reverso. Daí à Eternidade que
cada um conclua como possa e saiba.
De Adolfo Rocha/Miguel Torga:
BALADA DA MORGUE
Olho este corpo morto aqui deitado
E sinto impulsos de beijá-lo e ter
Toda a força de beijá-lo
com sugestões de prazer...
Que bruta sinceridade!
Que humildade!
Que vaidade!
Que mentira! Que verdade!
Todo nu! Eu pressenti-o
Dando desejo e fastio...
Não é de mulher, não é
Nem de homem; nem de animal
Irracional:
É de Anjo predestinado
Que foi sacrificado
Para dar a noção exacta da renúncia!...
Ai! dos corpos metidos em sarcófagos!...
Ai! de quem morre vestido!...
Nesta luxúria da Morgue
Há todo o satanismo
Que nos foi prometido
No Final...
São os gestos parados;
Os olhos vidrados;
Os ouvidos tapados;
Os sexos castrados
E, por cima de tudo, o silêncio das bocas!
Quero
Amar este sol da terra
Que mostra o calor do céu...
Anda aqui toda a loucura
Da razão, que não morreu
Nos sonhos desta Lonjura
Que nos fez, que nos perdeu...
que os seres humanos bons são os que estão mortos.
Serve o poema hoje publicado, da autoria de um
médico, para repensar como algo naturalmente
repulsivo nos pode impulsionar para a meditação
do Absoluto e estimular a aceitação do Criado
como artéria privilegiada que leve à Redenção
Última ou ao seu Reverso. Daí à Eternidade que
cada um conclua como possa e saiba.
De Adolfo Rocha/Miguel Torga:
BALADA DA MORGUE
Olho este corpo morto aqui deitado
E sinto impulsos de beijá-lo e ter
Toda a força de beijá-lo
com sugestões de prazer...
Que bruta sinceridade!
Que humildade!
Que vaidade!
Que mentira! Que verdade!
Todo nu! Eu pressenti-o
Dando desejo e fastio...
Não é de mulher, não é
Nem de homem; nem de animal
Irracional:
É de Anjo predestinado
Que foi sacrificado
Para dar a noção exacta da renúncia!...
Ai! dos corpos metidos em sarcófagos!...
Ai! de quem morre vestido!...
Nesta luxúria da Morgue
Há todo o satanismo
Que nos foi prometido
No Final...
São os gestos parados;
Os olhos vidrados;
Os ouvidos tapados;
Os sexos castrados
E, por cima de tudo, o silêncio das bocas!
Quero
Amar este sol da terra
Que mostra o calor do céu...
Anda aqui toda a loucura
Da razão, que não morreu
Nos sonhos desta Lonjura
Que nos fez, que nos perdeu...
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