O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, January 01, 2007

Paladinos das Elites

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A Um de Janeiro nasceram dois espíritos algo paralelos, o Almirante Canaris e o barão de Coubertin. Em quê? Ambos se esforçaram por combater as tensões económico-sociais da Sociedade, os Dois se nortearam por anglofilia, teórica ou prática que fosse, cada um deles se empenhou na defesa das elites, para além das suas próprias fronteiras; e ambos foram alvo de controvérsia. O militar alemão não se livrou dela, quer por, no final da I Guerra Mundial, após uma evasão gloriosa de um internamento chileno, ter comandado um submarino que afundou navios civis neutrais, quer por alguma duplicidade, enquanto chefe da Abwehr, o serviço de informações militares do III Reich. Nunca foi um agente inimigo, mas conscientemente colocou como seu número 2 o general Oster, que como tal era considerado pelos anglo-saxónicos; foi, em pessoa, pressionar Franco, valendo-se do seu excelente espanhol, para que não permitisse o trânsito de tropas do seu próprio País com o objectivo da conquista de Gibraltar, quando os Ingleses dificilmente poderiam defender a praça. E a sua participação ns golpes dontra Hitler só atingiu verdadeira porfia depois de demitido do posto-chave que ocupava, ou seja, quando menos útil seria. Mas tentou, com prejuízo da própria carreira, salvar os aristocratas, militares e religiosos polacos que a Alemanha se preparava para mandar para o matadouro próprio ou para o de Estaline. E procurou salvar os oficiais Patriotas que resistiram à bolchevização da Alemanha, como atalhar o cúmplice derrotismo de Weimar, participando no golpe de Kapp.
Já o recriador das Olimpíadas e de um espírito quase unanimemente reconhecido como de fomento do que há de melhor no Homem, é frequentemente criticado por não querer ver as Mulheres nos Estados e afirmar a sua crença na desigualdade das raças. Mas acima de tudo, por ter afirmado que «o Olimpismo era para o Desporto o que o Fascismo fora para a Democracia», bem como a conveniência em substituir a Religião pelo Culto da Bandeira e da competição delimitada entre as Nações que considerava civilizadas. A frase que citei foi mal interpretada: o que ele queria dizer não era uma opção por um regime de Partido Único, mas deixar expressa a sua preocupação fundamental - que, por via do acesso das classes trabalhadoras aos cumes do elitismo competitivo, se teria conseguido eliminar a Luta de Classes que afligia a Democracia e que Mussolini se propusera, corporativamente, erradicar. Tal como Canaris quisera neutralizar um sistema que assentava na oposição de Proletariado e Finança, quer na fase dominada pelos revolucionáros Marxistas, quer na da Governação dos senhores da Finança. Duas Figuras que muito amaram um ideal de Homem melhor, que não fosse dominado pelos confrontos do materialismo.

2 Comments:

  • At 3:11 PM, Anonymous Anonymous said…

    Caríssimo Amigo:

    Espero que tenha tido uma excelente passagem de ano.
    Quanto à evocação que faz no seu excelente post, gostaria de referir um pormenor curioso, quanto ao almirante Canaris: durante parte da 2ª Guerra Mundial, o seu «quartel-general» no estrangeiro foi em Lisboa, mesmo no Centro, no hotel Avenida Palace. Também foi aí que, durante a década de 1950, segundo creio, esteve hospedado durante bastante tempo o «homem da cicatriz», Otto Skorzeny, o «super-comando» que resgatou Mussolini do Gran Sasso d'Italia, que recuperou no pós-guerra as cartas de Churchill a Mussolini, a pedido do primeiro (em troca da libertação de muitos camaradas seus), que reorganizou as secretas de Nasser e que, segundo se sussurra, planeou e ajudou a executar para a Mossad israelita (!) o golpe de Entebbe (a troco de tanto ele como outros membros da Odessa deixarem de ser perseguidos). Mas a comparação com Canaris fica-se pelas secretas alemãs e pelo Avenida Palace.

    O mundo é bem curioso, Caro Amigo. E bem-haja pela lembrança dos dois vultos da Aristocracia de Honra, que tanta falta faz nos dias de hoje.

    Um grande abraço.

     
  • At 7:03 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Carlos Portugal:
    Também eu espero que as Suas entradas no Novo Ano hajam sido do melhor.
    Bom, o Avenida P. devia justificar inteiramente a fama, cinematográfica até, de antro de espiões. Pensar que esteve durante todas os trabalhos do Metro sem ocupação, como se estivesse em pleno, receitas suportadas pelo dono da obra! Skorzeny era de um arrojo terrível, como prova aquela operação de grande envergadura, atrás das linhas americanas, com uniformes dos "states", contra toas as leis da guerra e em risco de serem fuzilados sem mais. Ignorava essas andanças da pelos vistos pseudo-reforma, mas lá "curriculum" não lhe faltava.

    Fazem muita falta Homens destes, sem dúvida, com o sentido do que mais dignifica e do mal que fazem as animosidades artificialmente espalhadas para alimentar a inveja ou a indiferença sociais.

    Meu Caro Espadachim:
    Foram tantos os que não gostando nem um pouquinho dos "bebedores de cerveja" se iludiram, pensando que o Poder morigeraria o que pensavam ser diatribes programáticas para eleitor ver... ou que conseguiriam instrumentalizá-los...
    Sabe-se como acabaram muitos deles.

     

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