O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, October 28, 2006

Voto na Grandeza

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Passando ontem à tarde pelo Chiado, como costumo, veio uma Menina, bem jeitosa, por sinal, assediar-me - o intelecto, calma, não pensem outras coisas, que para essas já houve melhores dias - estendendo-me este papelucho, querendo que participasse na votação do tal programinha, a qual anda nas bocas do Mundo e vem fazendo também as delícias das da blogosfera. Como não quero ser conivente com votações e televisão, duas contra-indicações que detecto para a envergadura das Personalidades, farei algumas breves considerações sobre o tema, apenas para os meus Visitantes.
Tinha, em criança, um album em que, aos quadradinhos, eram traçadas as gordas biográficas de Vultos maiores da nossa História, de Viriato a Mousinho, passando por Navegantes, Condestáveis, Restauradores e outros Fundadores. Intitulava-se, justamente «GRANDES PORTUGUESES». Dos muitos lá elencados, seguindo nisso as tendências maternas, a história a que voltava sempre era a de Martim de Freitas, que descobrindo na entrega ao Cadáver do Seu Senhor as chaves da manutenção da honorabilidade, sempre me pareceu o expoente dos fiéis à outrance que continuadamente me seduziram. Na infância Dela Minha Mãe tinha, com efeito, contrariado as tentativas de uma professora de fazer os alunos elegerem, em concurso similar restrito à turma, a figura de Egas Moniz. E isto porque onde o Alcaide apenas era movido pelo sentimento de não trair, no Aio sobressaía o orgulho, contudo estimável, na Palavra e no Nome.
Mas reconheço que se o critério fosse o do reconhecimento do Estrangeiro, coisa tão querida do nosso não menos querido provincianismo, talvez o português mais célebre lá fora tenha sido o Gama, para o grande público e o Infante D. Henrique, para os intelectuais. Isto antes do Século XX, que, daí para cá, Eusébio e Figo não comportam rivalidades, salvo a ainda emergente, de C. Ronaldo. E a de Salazar, mas Dessa já falei.


Gostaria no entanto de acrescentar ainda uma breve evocação do Tenente Correia de Lacerda, heróico Caído em África, na I Guerra Mundial, antes de Portugal oficialmente nela entrado, o qual, combatendo tenaz e superlativamente até ao seu fim contra forças superiores, para cobrir os Camaradas, veio a ser sepultado com todas as honras prestadas também pelos Oficiais Alemães, em tempos em que os inimigos se sabiam reconhecer a bravura. A minha lembrança foi estimulada por os seus nomes próprios serem Viriato Sertório. Em que medida esses patronos precursores da luta por um pré-Portugal o terão inspirado?

11 Comments:

  • At 3:20 PM, Anonymous Anonymous said…

    Santo Antonio

     
  • At 3:32 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Lá vinha no tal livrinho, Meu Caro Çamorano e, realmente, na Universalidade Católica, pede meças a qualquer. Temo, contudo, que no mundo de outras fés, ou da ausência delas, não seja alvo de tão grande consideração.
    Abraço.

     
  • At 3:41 PM, Anonymous Anonymous said…

    Quase que me fazia escolher alguém. Safa, você tem jeito. Cumpts.

     
  • At 3:53 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Obrigado, Caro Bic. Mas se o fizer, faça-o aqui. Não dê confiança à TV.
    Abraço.

     
  • At 6:47 PM, Anonymous Anonymous said…

    Viriato Sertorio......Nombre ideal para un estudio de numerología........

     
  • At 9:54 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Explicite lá, Caríssimo Çamorano...
    Ab.

     
  • At 12:25 PM, Blogger JSM said…

    Continuemos...
    Sem dúvida, os gestos de grandeza moral, as chaves nas mãos do rei morto antes de as entregar ao outro! O exemplo, único caminho para construir uma pátria, não existe outro, se existir, não é duradouro.
    De resto, repito uma frase que gostei de pronunciar - não vale a pena procurá-los na decadência...até porque pode ser uma última tentativa de a justificar.
    Um abraço.

     
  • At 4:38 PM, Anonymous Anonymous said…

    Boa referência aos heróis que lutaram pelo País em África face à ameaça alemã, injustamente esquecidos por não aproveitarem politicamente a ninguém.

    Pessoalmente, e como disse anteriormente, votarei D. João II.

     
  • At 8:39 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro JSM:
    Acompanho em tudo, salvo no final, em que introduziria uma especialidade: O Grande Martim demonstrou a sua lealdade justamente quando o seu Rei já estava decaído ao ponto da morte. Mas bem sei que a decadência de que fala é a da energia e da persistência do dever.

    Meu Caro Miguel:
    Não me é simpática a figura de D. João II no que tem de escasso escrúpulo em eliminar tudo o que imaginava perigoso, nem na centralização que operou. Mas não me custa reconhecer-lhe a grandeza, da concepção da política peninsular e na preparação da epopeia marítima.
    Abraços a Ambos.

     
  • At 11:45 PM, Anonymous Anonymous said…

    Questão porventura demasiado política, toda esta à volta do programa, se pensarmos que, nos países de onde o modelo era original, a ideia era criar algum consenso entre figuras conhecidas e de referência para o público (o vulgo...), e nesse campo (critério) Eusébio e Amália estarão na linha da frente.

    A verdade em que partilho o que Paulo vê de positivo em relação a D. João II e agrada-me igualmente aquilo que o Paulo considera negativo (num tempo em que emergia o Estado-Nação europeu.) Divergência política. Abraço

     
  • At 8:29 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Também, Meu Caro Miguel. Mas tenho impressão de que, sobretudo, filosófica e religiosa, com autonomias sucessivas da moral e da influência desta na acção política.
    O que me faz espécie é que quanto mais restrito é o âmbito de actuação mais latas parecem ser as fronteiras dos interditos...

     

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