O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Wednesday, October 25, 2006

Emancipação do Poema

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É na surpresa que uma Poetisa se encontra ao ler os poemas por si escritos que residirá talvez a diferença mais constante entre o Homem e a Mulher que versejam. Um poeta pode muito bem dar um salto para outro eu e até descobrir-se cisões de personalidade ao ir desenvolvendo a sua arte. Mas tentará, provavelmente, sempre adequar a veia ao(s) seu(s) pensar(es), honrando uma Essência que identifica, ou promovendo um ideal que persegue.
Enquanto que muitas vezes a qualidade da poesia feminina vive da revelação de um desconhecido que incorpora a carga de pathos contida, ao contrário da assumida e localizada condição sofredora do homem. É dessa multiplicação qualitativa que brota a desconformidade unicamente explicável pelo auto-policiamento da vazão que na conturbada coexistência entre expansão artística e formulação racional vive em recíprocas recusa e negação.
De Lygia (Judith Gomes da Silva):

QUEM SOU E O QUE PRETENDO?

Quem sabe adivinhar o que pretendo,
Que horizontes longínquos fantasio,
Se o meu olhar distante é fugidio
E eu própria não sei bem a que me prendo.

Fujo de mim, e encontro-me sofrendo
Junto da minha Idéa, no vazio
Recanto desta vida. Ermo sombrio,
Onde comigo falo e não me entendo...

E assim também, volúvel como as águas
Do caudaloso mar de tantas mágoas,
Que sem saber porquê, no peito levo,

Escrevo os pensamentos mais diversos,
Sendo tão diferente nos meus versos,
Que pergunto quem sou, quando os escrevo!...

Com «Mulher Poeta», de Mohammed Saoud
e
«"Sou um Estranho, Aqui, Eu Própria"
Sempre a Mesma Coisa», de Moyna Flannigan.

2 Comments:

  • At 11:12 AM, Anonymous Anonymous said…

    :)
    Definitivamente, hoje é o meu dia!
    Que poema...

     
  • At 11:25 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    De uma quase desconhecida, hoje em dia, infelizmente.

     

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