Puxar Para Baixo

Não é segredo para ninguém o quanto eu amo a Inglaterra. E um dos motivos é o ideal de desportivismo e fleuma que noutros países costuma ser privilégio de classe, no sentido de grupo, sendo que neste o é, na acepção de conduta. Basicamente, corresponde a uma elevação dos estádios intermédios da sociedade a formas de comportamento superiores, independentemente do acaso, enquanto que, sob outras bandeiras, o fosso é cavado entre a elite e o que se lhe segue. Não me surpreendeu, portanto, o habitual mau perder com arrastadas provocações, da maralha concentrada no exterior do estádio onde se disputou, ontem, o jogo com Portugal, nem as ameaças e pedradas dirigidas aos nossos adeptos. Mas já me fez pena ver um leader de opinião com as responsabilidades de Shearer, ex-capitão do team nacional e actual comentarista televisivo, dizer, mesmo que o tenha sido por brincaceira, que esperava que Rooney fosse para o Manchester e «desse uma no Cristiano Ronaldo».

Livres que parecemos estar destas asneiradas, continuamos - e ainda bem - reféns de um certo sofrimento. Razão para pedir aos meus Leitores que não roam demasiado as unhas, para que não suceda como à Mulher vietnamita a quem retiraram 119 do estômago. Não sei a quantos maços de tabaco corresponderá, mas maior ilustração do vício é difícil. Aguardemos os nossos momentos agónicos à boa maneira portuguesa, afinal há bem pior.