A Libertação das Formas

Dar-nos objectos reconhecíveis através das mais imaginosas das
representações distorcidads delas foi o trabalho de Hércules de Salvador Dali, através de um ultra-figurativismo que transcendia os limites asfixiantes do retrato, pela extrema contrária a um novo conformismo, o do abstraccionismo. Dizia que em tenra idade tinha querido ser Rafael e Deus, até que, ainda na adolescência, «se apercebera de que poderia ser ambos, sendo... Salvador Dali».
O seu método paranóico-crítico era, como defendeu, antes de teorizá-lo, no célebre julgamento presidido por Breton, o Surrealismo na sua mais pura expressão, liberto da interpretação autêntica e da excumunhão do Papa que contra elas vociferava noutras Instituições, mas que as praticava à exaustão no seu grupo, ao ponto de só Peret ir resistindo. Enquanto houver gosto pela Arte não poderemos admitir que alguma confessada avidez por dollars, segundo Buñuel de inspiração Galiana, poderá passar para segundo plano o génio que respirava e que nos inspira.
Salvador Dali nasceu a 11 de Maio. Como singela homenagem publico uma emblemática ilustração de como nos via, em fotografia do letão Philippe Halsman e de como se via, no seu «Auto-Retrato Soft».