Um Sábio
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Neste dia do mês, no ano de 1907, nasceu Mircea Eliade. Muito aprendi com ele nos universalmente aclamados trabalhos sobre os mitos e as religiões. É, para um português, obrigatório citar a sua passagem por Lisboa, como conselheiro cultural, ou adido de imprensa, para quem lhe queira desvalorizar a importância dessa acção. A sua busca de paralelas concepções ligadas ao Sagrado nas diversas religiões é de uma erudição monstruosa e sedutora, levando-o a inclinar-se para um Cristianismo paradoxal, porque fora das Igrejas. A sua fascinação pelo eterno retorno, com a cíclica possibilidade de regeneração humana não terá sido parcamente influente na facilidade com que aceitou esperançadamente várias soluções políticas opostas, sem que, no entanto, alguma vez tivesse pactuado com concepções materialistas de afundamento do Ocidente. Deixou reflexões interessantes sobre os portugueses. Dizia que éramos, com os Romenos, dos derradeiros a intuir os mistérios do Tempo e da História. Nos diários acrescentou que o português pertencia a um povo que sorria sempre, mas que por detrás desse sorriso ocultava imensa tristeza e melancolia. Combinando as duas observações pergunto-me se, na sua coerente da rejeição da linearidade temporal da marcha humana, desde a culpa à Redenção, que dizia devida a Ireneu, não terá visto na lusa ausência de confiança dos contemporâneos a recusa de sobrestimar a acção própria que moldasse o futuro, confiando antes em Fados e Sebastianismos como sentimento da ordenação cíclica e transcendente à humana vontade.
Quanto à sua ficção, em novo não a apreciava. Hoje descubro-lhe encantos em que me não detive. Continuo a achar que «RUA MANTULEASA» é a obra romanesca mais difícil de interpretar e abarcar em todas as implicações, das que me passaram pelos olhos.
Neste dia do mês, no ano de 1907, nasceu Mircea Eliade. Muito aprendi com ele nos universalmente aclamados trabalhos sobre os mitos e as religiões. É, para um português, obrigatório citar a sua passagem por Lisboa, como conselheiro cultural, ou adido de imprensa, para quem lhe queira desvalorizar a importância dessa acção. A sua busca de paralelas concepções ligadas ao Sagrado nas diversas religiões é de uma erudição monstruosa e sedutora, levando-o a inclinar-se para um Cristianismo paradoxal, porque fora das Igrejas. A sua fascinação pelo eterno retorno, com a cíclica possibilidade de regeneração humana não terá sido parcamente influente na facilidade com que aceitou esperançadamente várias soluções políticas opostas, sem que, no entanto, alguma vez tivesse pactuado com concepções materialistas de afundamento do Ocidente. Deixou reflexões interessantes sobre os portugueses. Dizia que éramos, com os Romenos, dos derradeiros a intuir os mistérios do Tempo e da História. Nos diários acrescentou que o português pertencia a um povo que sorria sempre, mas que por detrás desse sorriso ocultava imensa tristeza e melancolia. Combinando as duas observações pergunto-me se, na sua coerente da rejeição da linearidade temporal da marcha humana, desde a culpa à Redenção, que dizia devida a Ireneu, não terá visto na lusa ausência de confiança dos contemporâneos a recusa de sobrestimar a acção própria que moldasse o futuro, confiando antes em Fados e Sebastianismos como sentimento da ordenação cíclica e transcendente à humana vontade.
Quanto à sua ficção, em novo não a apreciava. Hoje descubro-lhe encantos em que me não detive. Continuo a achar que «RUA MANTULEASA» é a obra romanesca mais difícil de interpretar e abarcar em todas as implicações, das que me passaram pelos olhos.
8 Comments:
At 7:38 PM, Anonymous said…
Los extranjeros.....¿Los únicos que hablamos de "Lusitania Felix"?
At 8:11 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Amigo:
é que os de cá conhecem-lhe as limitações...
Mas, até por tudo o que aqui tem escrito, a Sua bondade para connosco dá-Lhe bem, a Si, o estatuto de "lusitaneidade honorária".
Grande abraço.
At 8:37 PM, Anonymous said…
Gracias, es un honor ser así considerado.
At 9:17 PM, Anonymous said…
Pregunta de un "recien nacionalizado": ¿El profesor Cavaco tiene acento algarvío? ¿La señorita Fatima Campos Ferreira tiene acento minhoto? ¿Chico- esperto = Rapaz astuto? ¿Chica = Rapariga?
At 9:19 PM, Anonymous said…
Es decir, es correcto en portugues decir "chico" y "chica"....?
At 10:35 PM, Paulo Cunha Porto said…
Chica, para rapariga é melhor eliminar, que tem significação em calão que pode ser mal interpretada. Quanto a Chico, tal como o feminino, mas sem a problemática deste, é o comum diminutivo do nome Francisco.
Chico-esperto não tem nada a ver. É o que se julga espertalhão e faz mil e uma pequenas baixezas para obter um ganho, normalmente irrisório.
A FCF tem um pouco de acento nortenho, empora não consiga precisar se minhoto, ou portuense. Mas coisa ligeira, creio.
Ao Prof. Cavaco não sinto grandes particularidades de fala regional. Mas desconheço as especificidades da oralidade algarvia, por isso...
Tinha era irritantes pausas de leitura, correspondentes a alguns sinais de pontuação. Mas em relação ao discurso da vitória, estão muito limadas.
Ab.
At 7:07 AM, Anonymous said…
Muito obrigado
At 8:09 AM, Paulo Cunha Porto said…
Ora essa!
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