O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, March 24, 2006

Leitura Matinal -305

Longe da irreverência de Robert Brasillach e dos seus Amigos de

Juventude, que costumavam contar a Grande Parábola recriando o termo dela, com a ordem paterna de que «matassem o Filho Pródigo em honra do Vitelo Gordo», por «considerarem tal desfecho de muito maior moralidade, os versos excelentes que hoje Vos dou são sintoma de uma outra oposição, mais desgraçada ainda. Onde a brincadeira queria consagrar a Justiça sob a capa de troça do perdão, a Autora da poesia anexa exprime
a repugnância que lhe causa quer o modo de vida considerado burguês, quer o acatamento das mais odiadas porque mais radicais e radicadas das ordens: a familiar e a Divina. A boutade e o poema ilustram bem a oposição que junta duas revoluções, uma da Direita, outra da Esquerda a um ideal que o Ocidente demorou mil e oitocentos anos a construir e que tem vindo a ser desmantelado nos derradeiros duzentos.
É o que ergue como perfeição a verdadeira alegria pela recuperação do próximo que se julgava perdido, banindo a ideia da concorrência e dando como manifestamente imperfeito o estatuto do caçador de recompensas. Tudo o que se lhe opõe parte do ódio aos laços de sangue e da sublimaçao das tentações e das aventuras, esses sonhos de segunda categoria, quais drogas pelas quais se substituem os estímulos salutares. Que vê na conformidade com um ideal que não reconhece apenas o conformismo e o fingimento.
De Ana Luísa Amaral:

O OUTRO FILHO (IRMÃO DO PRÓDIGO)

«O vitelo mais gordo»
disse o pai
Mas era para o outro
que falava

E ele interrogou-se confundido,
o coração pesado de negócios,
esquecido de viagens e sonhos
por fazer
Deve ser coisa estranha
a lealdade,
como difícil o ofício de amar

Perdida a juventude
entre contas e servos
entre terras vedadas e cega obediência
que lhe restava

senão juntar-se à festa
e comer do vitelo
e fingir alegria
em pródigos sorrisos?


Guarnecido com um desenho do Grifo como
«Lealdade», de Jason E. Murphy, «Obediência»,
de Agostino Di Duccio e «Recompensa», de Marti
Haykin.

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