La Force de Frappe N´est Pas Frappée
Na impossibilidade de falar do tema político nacional dominante voltam-se os comentadores para a intervenção do Presidente francês Chirac, em que veio admitir o uso de armas não convencionais, presumivelmente as nucleares, contra os países responsáveis por ataques teroristas à França. As grandes interrogapções que levantam prendem-se com o destinatário da ameaça e com o efeito que a posição terá nas relações franco-alemãs. Não me parece que sejam as questões mais interessantes a levantar. Os países-alvo serão... os que forem e, por uma vez, o ocupante do Eliseu, ao dizer que a sua fala não tinha objectivo concreto, terá dito a verdade. Os Alemães, já se disseram incomodados e estão-no realmente, não só por um pacifismo oficialista relativamente autêntico, como por ser difícil articular uma política externa comum para o Médio Oriente, tendo como parceiro principal do eixo que move a União um país com tal cutelo suspenso, presumivelmente, sobre o Mundo Islâmico.
Agora que desapareceu a ameaça dos blindados soviéticos a Alemanha gostaria que da Gália viesse uma mudança da sua doutrina de emprego de armas nucleares. Mas não neste sentido. A tradicional teorização francesa, escaldada da traição norte-americana do Suez e reforçada pela linha autonómica face aos EUA e à NATO que De Gaulle concebeu, defendia que poderia desencadear uma resposta com armas atómicas se o seu território fosse invadido, ainda que o inimigo só se tivesse valido de superioridade convencional. Berlim gostaria que houvesse, do outro lado do Reno, um compromisso que acompanhasse a evolução das tendências estratégicas norte-americanas de só responder com o nuclear ao nuclear. Ora, num certo sentido, foi o que sucedeu: lembremo-nos da famosa frase de H. Rafsanjani, antigo Presidente do Irão: «O terrorismo é a bomba atómica dos pobres».
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