A Bota e a Perdigota
Decidiu o Ministério da Educação, na sua infinita sabedoria, preconizar a criação de turmas especiais para alunos que configurem casos de repetido insucesso escolar. E, traduzindo, diz que a medida se aplica aos que pareçam poder vir a ser vítimas de «marginalização, exclusão social e abandono, bem como outras dificuldades de integração e de aprendizagem» Sou firmemente favorável a que as crianças e jovens com problemas do género sejam alvo de especial acompanhamento. Mas parece-me ideia abstrusa colocá-los todos juntos em turmas onde só encontrem colegas com dificuldades ou posturas associais idênticas. Se o que se quer é integrá-los, cria-se para o efeito um sistema de apartheid? Quando esse sistema social foi introduzido, na África do Sul, ou, de facto, no Alabama, a intenção era fomentar «desenvolvimentos separados», não integrações.
De resto, esta solução colide com a linha de rumo seguida pelas autoridades portuguesas noutros casos. Quando são destruídos os bairros problemáticos, minados pelo crime e pela droga, tem-se vindo a disseminar os habitantes por agrupamentos habitacionais diversos, justamente para que se diluam entre os cidadãos comuns e não façam renascer os sempre ameaçadores antros de vício. Por que razão se entende diferentemente no sistema educativo? Dizer que "turmas especiais" facilitam o acompanhamento tem tanta razão de ser como defender que colocar os alvos da redistribuição residencial todos em molho tornaria menos difícil a vigilância. Ou uma coisa está certa, ou a outra, as duas é que não. E desconfio de que a inovação vá condenar os seus pretensos beneficiários à eternização dos vícios e problemas que os condicionam.
De resto, esta solução colide com a linha de rumo seguida pelas autoridades portuguesas noutros casos. Quando são destruídos os bairros problemáticos, minados pelo crime e pela droga, tem-se vindo a disseminar os habitantes por agrupamentos habitacionais diversos, justamente para que se diluam entre os cidadãos comuns e não façam renascer os sempre ameaçadores antros de vício. Por que razão se entende diferentemente no sistema educativo? Dizer que "turmas especiais" facilitam o acompanhamento tem tanta razão de ser como defender que colocar os alvos da redistribuição residencial todos em molho tornaria menos difícil a vigilância. Ou uma coisa está certa, ou a outra, as duas é que não. E desconfio de que a inovação vá condenar os seus pretensos beneficiários à eternização dos vícios e problemas que os condicionam.
4 Comments:
At 12:13 PM, Jansenista said…
Um velho problema muito debatido a proposito da integacao racial nos EUA: a discriminacao positiva sera menos estigmatizadora e indutora de handicaps do que a discriminacao negativa? A mesma reflexao para as quotas femininas, para a lei jocosamente designada em Franca por "Loi badabada, badabada", ja que a regra era "un homme, une femme"...
At 1:43 PM, Paulo Cunha Porto said…
Sendo que, aqui, Caro Jansenista, há um elemento que distingue, pese o paralelo que os casos que citou levantam: o facto de dependerem de condutas relativamente desejadas pelos visados. É aí que reside o nó da questão: se agrupá-los num compartamento estanque estimulará a emenda ou o incremento da associabilidade...
At 4:07 PM, Anonymous said…
O capitalismo tem tendência para massificar coisas de fraca qualidade... Dos sobredotados, tem ouvido falar? Cumpts.
At 7:28 PM, Paulo Cunha Porto said…
Nada. Pecha antiga, Caro Bic Laranja. Já o velho Benoist, há mais de uns 25 anos dedicava um capítulo do que em Portugal se veio a chamar «NOVA DIREITA, NOVA CULTURA» ao tema...
Igualmente, prezadíssimo Amigo.
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