Leitura Matinal -232
A exposição ao relento traz o encanto, como também a desprotecção. De uma forma, ou da outra, é inegável que permite sempre o reencontro com a
frescura que a jornada estafante do dia e a estiolada condição em que deixou o fim dele obrigaram a perder. Necessidade há pois de compensar as agressões da realidade intrusiva que façam do espírito a terra queimada donde nenhuma vida possa voltar a nascer. O sonho nega-a, ou retirando-lhe o peso esmagador, ou substituindo as angústias persistentes por outras, que por intensas que se revelem, encontram um fim no momento de despertar e aliviam da constãncia desgostante dum exterior.
Mas fora da pura negação encontra-se a mal definida actividade colorante que é a maior vastidão da alma. Salva o Mundo, transformando-o, pelo que a abertura da recordação à figura de estilo, que é a «mulher» do poema, coexiste com a metamorfose dos traços acabrunhantes da do quadro, secundarizados pelo que de apelo neles consiga encontrar. É do trabalho individual transformador da sensação no sentimento apto a contornar o negrume da inapelável sujeição às regras da vivência que resulta a descoberta de uma vida. Tendo sempre presente que nos referidos intervalos salvadores a boca que serve para cantar é a mesma que pode beijar. Ou, se preferirem, a que serve para beijar é a mesma que pode cantar.
De António Poppe:
COLIDIR DO RELENTO
O mundo é como quem diz uma vida
O sonho é como quem diz a sua morte
A alma é como quem diz ao mundo
Este lapso de mente...... o colidir do relento
O colidir do relento (é como quem diz)
O sonho são os olhos que se fecham ao real acompanhado
Como quem diz vagarosamente ......deslagrimagem
Que ama o poema mundo
Que desenha o poema inaudível
A memória ao abrir-se «à mulher que se banha
No seu próprio sol»
O eclodir da boca
O mundo é como quem diz uma vida
A alma é como quem diz ao mundo
No interior de sua vida
Rodeado da imagem com que Brian Anderson ilustrou o
fragmento poético «Eu Vejo a Tua Alma», do «Orvalho»,
de John Everett Millais e de «Uma Mulher ao Sol», de
Edward Hopper.
frescura que a jornada estafante do dia e a estiolada condição em que deixou o fim dele obrigaram a perder. Necessidade há pois de compensar as agressões da realidade intrusiva que façam do espírito a terra queimada donde nenhuma vida possa voltar a nascer. O sonho nega-a, ou retirando-lhe o peso esmagador, ou substituindo as angústias persistentes por outras, que por intensas que se revelem, encontram um fim no momento de despertar e aliviam da constãncia desgostante dum exterior.
Mas fora da pura negação encontra-se a mal definida actividade colorante que é a maior vastidão da alma. Salva o Mundo, transformando-o, pelo que a abertura da recordação à figura de estilo, que é a «mulher» do poema, coexiste com a metamorfose dos traços acabrunhantes da do quadro, secundarizados pelo que de apelo neles consiga encontrar. É do trabalho individual transformador da sensação no sentimento apto a contornar o negrume da inapelável sujeição às regras da vivência que resulta a descoberta de uma vida. Tendo sempre presente que nos referidos intervalos salvadores a boca que serve para cantar é a mesma que pode beijar. Ou, se preferirem, a que serve para beijar é a mesma que pode cantar.
De António Poppe:
COLIDIR DO RELENTO
O mundo é como quem diz uma vida
O sonho é como quem diz a sua morte
A alma é como quem diz ao mundo
Este lapso de mente...... o colidir do relento
O colidir do relento (é como quem diz)
O sonho são os olhos que se fecham ao real acompanhado
Como quem diz vagarosamente ......deslagrimagem
Que ama o poema mundo
Que desenha o poema inaudível
A memória ao abrir-se «à mulher que se banha
No seu próprio sol»
O eclodir da boca
O mundo é como quem diz uma vida
A alma é como quem diz ao mundo
No interior de sua vida
Rodeado da imagem com que Brian Anderson ilustrou o
fragmento poético «Eu Vejo a Tua Alma», do «Orvalho»,
de John Everett Millais e de «Uma Mulher ao Sol», de
Edward Hopper.
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