Leitura Matinal -199
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Pode a contestação aos census e arquivamentos numerados que aprisionem o Homem ter origem num sentimento de individualidade acossada, ou, ao invés, em considerações de segurança colectiva. Os primeiros hebreus interditavam os recenseamentos, visto que o conhecimento do exacto número dos elementos da população era dado que se procurava subtrair à ciência do inimigo, por se temer que fosse prejudicial à defesa da comunidade. Nos estados modernos, pelo contrário, era desconhecer o número de mancebos que se poderia empregar militarmente que era visto como ameaça. Seja como for, este controle que atribui um número de ordem a qualquer súbdito pode ferir a susceptibilidade do que mais cioso do seu nome e do seu carácter único se revele. Porque substituir por um grau numa numeração é, evidentemente, um passo para mecanizar comportamentos. O que não quer dizer que assim seja se considerarmos a outra face da moeda: uma ficha numa qualquer polícia política, ou em seviços de informação é forma de catalogação que incide sobre uma especificidade de comportamento considerada relevante. Do que se conclui que a melhor maneira de se não ser controlado é não passar demasiado cartão ás fichagens e seriações das colectividades, reservando para elas a ironia e distinguindo apenas quem valha a pena com a expressão dos nosos pensamentos e comportamentos pessoais, o que evitará o desespero constante do poema de Dezso Kosztolányi:
FUI REGISTADO...
Fui registado em diversos livros
e de diversas maneiras controlado.
Em arquivos escuros e que cheiram a pó
numa ficha velha também estou apontado.
Ranger de dentes. Humilhação de me ver
prisioneiro, na minha liberdade violado.
Não são meus os pés, nem as mãos e a cabeça
também é numa ficha um simples dado.
quem me dera viver num deserto longínquo
ou sob a terra-mãe encontrar-me enterrado
porque fui registado em diversos livros
e de diversas maneiras controlado.
A imagem representa um census romano.
Pode a contestação aos census e arquivamentos numerados que aprisionem o Homem ter origem num sentimento de individualidade acossada, ou, ao invés, em considerações de segurança colectiva. Os primeiros hebreus interditavam os recenseamentos, visto que o conhecimento do exacto número dos elementos da população era dado que se procurava subtrair à ciência do inimigo, por se temer que fosse prejudicial à defesa da comunidade. Nos estados modernos, pelo contrário, era desconhecer o número de mancebos que se poderia empregar militarmente que era visto como ameaça. Seja como for, este controle que atribui um número de ordem a qualquer súbdito pode ferir a susceptibilidade do que mais cioso do seu nome e do seu carácter único se revele. Porque substituir por um grau numa numeração é, evidentemente, um passo para mecanizar comportamentos. O que não quer dizer que assim seja se considerarmos a outra face da moeda: uma ficha numa qualquer polícia política, ou em seviços de informação é forma de catalogação que incide sobre uma especificidade de comportamento considerada relevante. Do que se conclui que a melhor maneira de se não ser controlado é não passar demasiado cartão ás fichagens e seriações das colectividades, reservando para elas a ironia e distinguindo apenas quem valha a pena com a expressão dos nosos pensamentos e comportamentos pessoais, o que evitará o desespero constante do poema de Dezso Kosztolányi:
FUI REGISTADO...
Fui registado em diversos livros
e de diversas maneiras controlado.
Em arquivos escuros e que cheiram a pó
numa ficha velha também estou apontado.
Ranger de dentes. Humilhação de me ver
prisioneiro, na minha liberdade violado.
Não são meus os pés, nem as mãos e a cabeça
também é numa ficha um simples dado.
quem me dera viver num deserto longínquo
ou sob a terra-mãe encontrar-me enterrado
porque fui registado em diversos livros
e de diversas maneiras controlado.
A imagem representa um census romano.
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