Coerência e Imparcialidade

Depois de ter desabafado com a «fixação» que, alegadamente, os
restantes candidatos teriam na sua pessoa, o Prof. Cavaco
quis mostrar ao mundo que nem sequer fixa muito bem a imagem
deles, dizendo que respeita igualmente todos, e que o próximo
a com ele debater será precisamente a mesma coisa que os que
já o fizeram. Mas do alto do seu estatuto de front-runner,
disse mais, desta vez dirigindo-se a todos os compatriotas
na disposição de se revelarem eleitores presidenciais. Com
incontestável coerência, desvalorizou a importância dos debates,
ou seja, sugeriu aos eleitores que não se fixassem nas imagens
deles difundidas. A razão é simples: enformado por uma mais do
que indesmentível modéstia, o Político de Boliqueime não
pretende do País uma fixação. Contenta-se com uma afixação, a
do seu nome como ocupante de Belém.
Entretanto, num trovejar confuso, com alusões religiosas e
meteorológicas, o Sr. Jerónimo de Sousa veio criticar os
outros partidos da Esquerda por «atirarem com a toalha ao solo»,
a propósito da presumível eleição Cavacal. Não pensem que visa
apenas Manuel Alegre e o seu adversário, conformados na discussão
do segundo lugar, que, aqui, não dá acesso à Europa. É também uma
indirecta a Louçã, que parece já ter desistido da Sorte Grande,
contentando-se com as terminações dos votitos roubados aos campos
das restantes sinistras candidaturas: criticou a alegre
inconsciência de votos anteriores em sectores estratégicos
da economia de um e verberou a jardinagem madeirense doutro.
Enfim, cada um está já ciente de qual o seu campeonato.
Mas quem vai para a Terceira Divisão somos nós.