Leitura Matinal -213
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Que coisa diferenciará um Poeta do resto das gentes? Se for mau, apenas será maior o grau de incómodo que traz aos que com ele cotactam, como cantor desajeitado, qual bardo da irredutível aldeia gaulesa. Mas se é competente, desempenha um papel fulcral, como mediador de sentimentos e expectativas.
Se conseguir alcandorar-se à suprema distância do seu auto-centrismo, mais do que egocentrismo, alcançará mais: não deixar que as desilusões da sua própria causa se expandam para o amargor generalista da vida e, ciente do falhanço das expectativas que nutriu, sentir o apelo a tratar as que noutros subsistem, mesmo que lhes suponha fim igualmente infeliz. É a sublime diferença entre pessimismo e azedume.
E na medida em que tenha êxito na translação do seu insucesso para a celebração da chama que atrai os Demais, não se deixando cegar pelo desgosto e tornando-o inalienável, cumpre a sua função, rendendo a obra à Maiúscula de Esperança. Que se for precedida do artigo definido que a identifica como Teleogal Virtude, pode subir ainda mais.
De Fernando Ilharco Morgado:
ELEGIA
As esperanças que cantaste
quando tão longe tudo estava
(o futuro não era presente)
surgem agora destroçadas,
apenas música e palavras
nos versos flutuando em teus lábios.
Porém dentro do orvalho da manhã
talvez ainda sonhes
e as crianças vejam das janelas
as neves altas das montanhas.
As esperanças que cantaste
ainda correm como pássaros
dentro do vento das suas asas
e mesmo que tudo termine em nada
e que os anos dos teus dias
sejam apenas versos em teus lábios,
é porque a vida é sempre tarde
e a alegria talvez quase sempre
um desatino embora persistam
as neves altas das montanhas.
As esperanças que cantaste
bebendo a pura luz do dia
na vereda silvestre da paixão
continuam presentes no jardim.
Mesmo sabendo como é curta a vida
e a confiança por vezes falsa,
a vagabunda luz resiste,
pois quanto mais de ti davas
mais os teus olhos alcançavam
as neves altas das montanhas.
como brinde, seguem «A Alegria da Vida», de William Hamo Thornicroft
e «Homem Cantando», de Ernst Barlach.
Que coisa diferenciará um Poeta do resto das gentes? Se for mau, apenas será maior o grau de incómodo que traz aos que com ele cotactam, como cantor desajeitado, qual bardo da irredutível aldeia gaulesa. Mas se é competente, desempenha um papel fulcral, como mediador de sentimentos e expectativas.
Se conseguir alcandorar-se à suprema distância do seu auto-centrismo, mais do que egocentrismo, alcançará mais: não deixar que as desilusões da sua própria causa se expandam para o amargor generalista da vida e, ciente do falhanço das expectativas que nutriu, sentir o apelo a tratar as que noutros subsistem, mesmo que lhes suponha fim igualmente infeliz. É a sublime diferença entre pessimismo e azedume.
E na medida em que tenha êxito na translação do seu insucesso para a celebração da chama que atrai os Demais, não se deixando cegar pelo desgosto e tornando-o inalienável, cumpre a sua função, rendendo a obra à Maiúscula de Esperança. Que se for precedida do artigo definido que a identifica como Teleogal Virtude, pode subir ainda mais.
De Fernando Ilharco Morgado:
ELEGIA
As esperanças que cantaste
quando tão longe tudo estava
(o futuro não era presente)
surgem agora destroçadas,
apenas música e palavras
nos versos flutuando em teus lábios.
Porém dentro do orvalho da manhã
talvez ainda sonhes
e as crianças vejam das janelas
as neves altas das montanhas.
As esperanças que cantaste
ainda correm como pássaros
dentro do vento das suas asas
e mesmo que tudo termine em nada
e que os anos dos teus dias
sejam apenas versos em teus lábios,
é porque a vida é sempre tarde
e a alegria talvez quase sempre
um desatino embora persistam
as neves altas das montanhas.
As esperanças que cantaste
bebendo a pura luz do dia
na vereda silvestre da paixão
continuam presentes no jardim.
Mesmo sabendo como é curta a vida
e a confiança por vezes falsa,
a vagabunda luz resiste,
pois quanto mais de ti davas
mais os teus olhos alcançavam
as neves altas das montanhas.
como brinde, seguem «A Alegria da Vida», de William Hamo Thornicroft
e «Homem Cantando», de Ernst Barlach.
1 Comments:
At 3:56 PM, Anonymous said…
Gostaria de Te oferecer a mais linda mensagem de Natal, mas não sou capaz, a alma dói, o coração chora, o olhar é triste,...no entanto espero que sintas a força destas palavras: desejo-Te do fundo do meu ser, um Feliz Natal e um Maravilhoso Ano Novo.
Um doce acordar todos os dias...
Inpaciente
(não precisas responder, eu entendo)
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