Leitura Matinal -193
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Duas buscas que, fundando-se em ritmos diferentes e desejando alcançar, uma a Resposta que serena, a outra o brilho efémero da satisfação pessoal e momentânea, poderiam constituir opções de vida condenadas ao desencontro. Poderiam? Sim, não só por cada uma delas ser complementar da outra e, por isso mesmo, polo do seu interesse, como, por outra leitura possível para esse Tu que todo o Eu dá como estranho e guiado por Nortes diversos: ser ser ele a outra face de cada pessoa, onde a integralidade se alimentaria do conflito e da osmose entre as indagações e aspirações que transcendem, pelo Objecto que buscam, ou pelas intensidades interiores. Quem consiga pôr em destaque a parte certa do seu ser na correspondente vez em que as suas necessidades espirituais se manifestem não andará longe de alcançar a harmonia. Mas é um segredo muito bem guardado, que a facilidade de tipificar noutros o que, de momento, não se está sendo ameaça prolongar até ao fim.
De António Ramos Rosa:
Tu procuras saber
eu não procuro porque sei que nunca saberei
Tu queres abrir as portas do conhecimento para fundares a tua integridade
Eu entrego-me ao vago e indefinível vagar
da luz sobre a página que nunca é um oásis
e não conduz ao plácido porto que nela pressentimos
Tu desejas ir além das sequências quotidianas
eu procuro também um além
mas no interior da sombra do meu corpo ao ritmo da respiração
para fortalecer a minha incerta identidade
Tu não desistes de conhecer a lucidez do centro
para que a vida encontre o seu equilíbrio e o seu horizonte
Eu não conheço outro horizonte além da vaga claridade
que às vezes brilha no silêncio de um abandono
ou no fluir das palavras que procuram a nudez
Tu procuras algo que transcenda o mundo
eu procuro o mundo no mundo ou para aquém dele
Eu sei que a fragilidade pode cintilar
como uma constelação ou como um delta
quando o corpo se entrega sobre as dunas do silêncio
Tu queres ser a coluna ou a balança viva
do puro equilíbrio que sustenta o mundo
A imagem é «Quest», de William Sergent Kendall.
Duas buscas que, fundando-se em ritmos diferentes e desejando alcançar, uma a Resposta que serena, a outra o brilho efémero da satisfação pessoal e momentânea, poderiam constituir opções de vida condenadas ao desencontro. Poderiam? Sim, não só por cada uma delas ser complementar da outra e, por isso mesmo, polo do seu interesse, como, por outra leitura possível para esse Tu que todo o Eu dá como estranho e guiado por Nortes diversos: ser ser ele a outra face de cada pessoa, onde a integralidade se alimentaria do conflito e da osmose entre as indagações e aspirações que transcendem, pelo Objecto que buscam, ou pelas intensidades interiores. Quem consiga pôr em destaque a parte certa do seu ser na correspondente vez em que as suas necessidades espirituais se manifestem não andará longe de alcançar a harmonia. Mas é um segredo muito bem guardado, que a facilidade de tipificar noutros o que, de momento, não se está sendo ameaça prolongar até ao fim.
De António Ramos Rosa:
Tu procuras saber
eu não procuro porque sei que nunca saberei
Tu queres abrir as portas do conhecimento para fundares a tua integridade
Eu entrego-me ao vago e indefinível vagar
da luz sobre a página que nunca é um oásis
e não conduz ao plácido porto que nela pressentimos
Tu desejas ir além das sequências quotidianas
eu procuro também um além
mas no interior da sombra do meu corpo ao ritmo da respiração
para fortalecer a minha incerta identidade
Tu não desistes de conhecer a lucidez do centro
para que a vida encontre o seu equilíbrio e o seu horizonte
Eu não conheço outro horizonte além da vaga claridade
que às vezes brilha no silêncio de um abandono
ou no fluir das palavras que procuram a nudez
Tu procuras algo que transcenda o mundo
eu procuro o mundo no mundo ou para aquém dele
Eu sei que a fragilidade pode cintilar
como uma constelação ou como um delta
quando o corpo se entrega sobre as dunas do silêncio
Tu queres ser a coluna ou a balança viva
do puro equilíbrio que sustenta o mundo
A imagem é «Quest», de William Sergent Kendall.
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