O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, November 11, 2005

Leitura Matinal -176

No prefácio elucidativo que Fiama Hasse Pais Brandão
fez preceder a sua edição de «SÍLVIA DE LISARDO», cuja
disputada autoria é, amiúde, atribuída a Frei Bernardo
de Brito, está patente a dualidade de interpretações
oferecidas pela Paixão cantada na obra. Uma, a da
atracção desmesurada (de um frade, talvez) por uma
Mulher. A outra, a dedicação integral à prossecução
da obra alquímica. Mas o que interessará mais é que,
do primeiro soneto da compilação, se extrai a mais
eterna e exotérica das alquimias: a que, pelo mecanismo
da arte de quem escreve e de quem lê transforma o metal
vil, de nome Dor, no mais precioso e brilhante deles,
que é o o Amor, cujo hino permite o conhecimento àqueles
que em cada caso são profanos.
A prova:

SONETO DE LISARDO A SUAS OBRAS

Versos, que indícios sois de meus ardores,
rimas, que meus segredos publicastes,
lágrimas, que também solenizastes
ao som de endechas tristes minhas dores,

Agora que vos velo em mortas cores
à vista do painel que retratastes,
gosto de vos olhar pois não levastes
a olhos estrangeiros meus amores,

Se acontecer acaso que entendida
do mundo seja a dor que em vós publico
mostrai a causa que houve de render-me:

Que sendo dos leitores conhecida,
verão que em me perder sem culpa fico,
e que fora mor culpa não perder-me.

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