O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, November 10, 2005

Leitura Matinal -175

Que não há mais tirânica escravatura que a motivada
pela submissão aos instintos mais reles da materialomania
é coisa certa e sabida. A obsessão em aceder a riquezas
tangíveis, ou de não se desfazer de parte delas, é das
perversões humanas mais fáceis de conferir e, na precisa
medida em que o brilho do ouro cega, tolda completamente
a visão da dignidade humana. Se o Contexto Religioso é
a única Fonte segura da superação destas ameaçadoras
cadeias, o seu complemento, o acatamento da ética estrita
que ponha o Homem, consubstanciado no Outro, em primeiro
destinatário da acção e do respeito, é o meio de mais
imediato e célere alcance para obter a libertação das
preocupações sem merecimento.
Do Condestável D. Pedro, «devolvido» do castelhano
em que foi escrito à língua portuguesa por João de
Castro Osório:

A LIBERDADE VERDADEIRA

Ser livres amai e sem servidão;
Mas se a liberdade quereis firme ter,
Procurai o excelso luzeiro e clarão,
Vera liberdade do eterno poder.
E se esta quiserdes convosco manter
Sêde livres, antes, do demasiado
Amor pelas coisas de mutável ser
E delas tirai o vosso cuidado.

Nosso Senhor pode dar-vos liberdade
Do triste pecado, cruel, tenebroso;
Também da miséria e necessidade,
Como grande Rei todo poderoso.
Buscai com cuidado, muito estudioso,
Esta liberdade tríplice, formosa,
Com a qual se cobra o bem abundoso
E aquela alta glória sempre gloriosa.

O que nunca serve cobiça e baixeza,
Só por livre se deve estimar,
Pois servo é quem serve a triste avareza
E livre é o livre do torpe pensar.
Ao sábio, somente, se pode chamar
Em verdade livre, não outro, que dome
E subjugue, embora, a terra e o mar...
Pois, se ímprobo fores, servo é o teu nome.

Quando a Sua Morte nos livrou da Morte
Livres nos tornou o Verbo incarnado;
Por isso deveis vencer sempre a sorte
Para nunca serdes servos do pecado.
Fugi ao poder e dor do malvado
Príncipe, tirano, cruel, enganoso,
Servi o Senhor com todo o cuidado
Que Êle é todo pio e não rigoroso.

4 Comments:

  • At 12:59 PM, Blogger Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes said…

    This comment has been removed by a blog administrator.

     
  • At 1:02 PM, Blogger Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes said…

    Paulo, estive a deliciar-me com este teu texto, é fantástico adorei. Beijinhos

     
  • At 2:14 PM, Anonymous Anonymous said…

    Querido amigo:
    Muy buen post, acompanado de la gargola de marras en el previo. Me encanto.
    Un abrazo,
    Rafael Castela Santos

     
  • At 3:36 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Queridos Amigos:
    Fico feliz que vos haja agradado. Não sei, Caro Rafael, se o original do poema, em castelhano, estará disponível, nalguma edição recente, em Espanha. Ah, e já agora, parabéns pelo magnífico "post" sobre Pradera, publicado em «A Casa de Sarto». Circula em Portugal razoavelmente, no meio alfarrabístico, uma tradução de um livro dele, «O Novo Estado», das Edições Gama, que me fez tomar consciência da importãncia do Autor.
    E a gárgula é tão expressiva so vício que retrata...

     

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