O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, November 26, 2005

Da Construção da Imagem

Lido o livro de memórias «O Tempo e a Hora», do diplomata
Carlos Lemonde de Macedo. O capítulo final, sobre Marcello
Caetano, reproduz, ipsis verbis, a imagem que esse político
pretendeu que ficasse de Si. A do "conservador que admirava
o sistema político e partidário inglês, mas que desconfiava
da falta de maturidade dos portugueses, o que impedia a sua
implementação cá. Do federalista ultramarino, em quem os
ultras não acreditavam, por quererem mais; e os governos
estrangeiros idem, por quererem menos, no que à soberania
portuguesa sobre esses territórios implicava. Do amador das
liberdades universitárias, classificado como tendo uma visão
«quase medieval» da força que deveria ser a delas». Nem uma
palavra sobre a continuada ambição e pressa de suceder a
Salazar. Tão-pouco qualquer referência ao facto de estar
mortinho por se ver livre do combate em África, só o tendo
prosseguido por lhe ter sido expressamente dito que no dia
em que dele desistisse estaria demitido. Também não se
refere que a sua devoção pela Faculdade teve o intuito de,
tal como o havia feito na «Mocidade Portuguesa», arregimentar
fidelidades em que se pudesse apoiar.
O golpe de Botelho Moniz-Craveiro Lopes é referido rapidamente
como infelicidade que o salpicara e não como acintosa jogada
política. A demarcação do ideário do Integralismo Lusitano,
de cuja Juventude fora um dos chefes, aparece como acto de
coragem devidamente explicado, resultante de evolução mental,
não como expediente de trânsfuga em busca de facilidades de
ascensão.
Lemonde de Macedo foi amigo de Caetano. Merece o nosso respeito
por louvar o Amigo. Mas nós, para conhecermos algo da História,
teremos de ler muito mais livros.

1 Comments:

  • At 1:21 AM, Anonymous Anonymous said…

    Está tudo dito, neste 'post', sobre essa figura.

     

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