Rescaldo

Como não gosto de malhar em quem está na mó de
baixo, limitar-me-ei a indicar a minha satisfação
por, como corolário da arrastada noite eleitoral
autárquica, terem sido derrotados alguns candidatos
que especialmente buliam com os meus nervos: Em Lisboa,
em Sintra, em Faro, em Amarante. Um pormenor de tristeza
é o facto arrepiante de o Dr. Isaltino ter conseguido
ganhar Oeiras, onde eu alimentava uma esperança forte de
que as sondagens estivessem equivocadas e de que o eleitorado
votasse de forma contrária.
Gondomar e Felgueiras? Bah! Aí não tinha qualquer expectativa
e já via o resultado como decidido.
Mas o que é angustiante é, nos locais enunciados, em que as
minhas bestas negras perderam, não ser capaz de entusiasmo
algum pelos respectivos vencedores. Apenas de paz interior por
ver excluídos da gestão municipal figuras muito abaixo dos
mínimos exigíveis.
Houve, entretanto um vencedor que me encheu as medidas. O conquistador
de Aveiro, Élio Maia, creio que se chama assim. Não o tinha
visto vez alguma e fixei o seu nome pela primeiríssima vez. Mas
a sua declaração de vitória, ou é uma parte muito bem feitinha,
ou revela, sem espinhas, um Homem de Bem. Dir-me-ão «Ah, depois
de ganhar, é fácil». Não vão nessa: tanto como de maus perdedores
estamos nós cheios de maus vencedores. Não é só o Dr. Jardim.