Leitura Matinal -160
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Eterna ambiguidade do conceito de viver. Para uns, agir sentir, gozar. Para os outros, durar, perdurar. Alfred de Vigny escreveu algures que «os Académicos - os imortais - eram aqueles que morriam duas vezes: a primeira, quando o coração parava; a segunda, quando os esqueciam.».
Assim a Arte e, especialmente a Escultura. Pigmalião achou que à perfeição da sua obra faltava apenas uma qualidade maior, a Vida, a animação. Mas quantos não procuram um prolongamento vital na imortalização de uma representação esculpida? E, ironia ou corroboração do seu labor, não há escultor que, um dia, não pare de respirar. Todavia, a muitos acontece virem, por sua vez, a ser imortalizados na pedra.
Este conflito entre a intensidade e a duração é, evidentemente, simples aproximação à Serenidade Imperecível que coexiste com a Presença Paroxística na Vida Eterna. Mas, cá pela Terra é o que temos.
Da mesma forma, o trabalho do poeta, tornando tangíveis as suas concepções, ao imortalizá-las com a dignidade de uma escultura, usando para tanto o cinzel deslumbrante da poesia e semeando atrás de si as palavras plasticamente endurecidas e prorrogadas, como bem viu Jaime Cortesão em
AS ESTÁTUAS
Meunier ou Rodin... ´Sculpir, que belo!
Roubar o duro mármore às montanhas
E zás... à voz febril do camartelo
Brota-lhe a vida eterna das entranhas!...
Também um verbo escultural anelo;
Quero às ideias dar, as mais estranhas,
Aquele estilo bárbaro e singelo
E transformar em Deuses, brutas penhas.
Poeta, adoro as sóbrias esculturas;
Se encarno o pensamento em forma viva,
Talho as palavras como pedras duras;
Quebro, amacio, alteio, ali rebato-as,
Até lhes dar uma nudez altiva
- Que os grandes versos são como as estátuas.
A obra à direita é «Um Ovo de Palavras», de Kaminski.
Eterna ambiguidade do conceito de viver. Para uns, agir sentir, gozar. Para os outros, durar, perdurar. Alfred de Vigny escreveu algures que «os Académicos - os imortais - eram aqueles que morriam duas vezes: a primeira, quando o coração parava; a segunda, quando os esqueciam.».
Assim a Arte e, especialmente a Escultura. Pigmalião achou que à perfeição da sua obra faltava apenas uma qualidade maior, a Vida, a animação. Mas quantos não procuram um prolongamento vital na imortalização de uma representação esculpida? E, ironia ou corroboração do seu labor, não há escultor que, um dia, não pare de respirar. Todavia, a muitos acontece virem, por sua vez, a ser imortalizados na pedra.
Este conflito entre a intensidade e a duração é, evidentemente, simples aproximação à Serenidade Imperecível que coexiste com a Presença Paroxística na Vida Eterna. Mas, cá pela Terra é o que temos.
Da mesma forma, o trabalho do poeta, tornando tangíveis as suas concepções, ao imortalizá-las com a dignidade de uma escultura, usando para tanto o cinzel deslumbrante da poesia e semeando atrás de si as palavras plasticamente endurecidas e prorrogadas, como bem viu Jaime Cortesão em
AS ESTÁTUAS
Meunier ou Rodin... ´Sculpir, que belo!
Roubar o duro mármore às montanhas
E zás... à voz febril do camartelo
Brota-lhe a vida eterna das entranhas!...
Também um verbo escultural anelo;
Quero às ideias dar, as mais estranhas,
Aquele estilo bárbaro e singelo
E transformar em Deuses, brutas penhas.
Poeta, adoro as sóbrias esculturas;
Se encarno o pensamento em forma viva,
Talho as palavras como pedras duras;
Quebro, amacio, alteio, ali rebato-as,
Até lhes dar uma nudez altiva
- Que os grandes versos são como as estátuas.
A obra à direita é «Um Ovo de Palavras», de Kaminski.
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