Como o Avestruz
A corda parte sempre pelo mais fraco. Pobre Áustria, eram demasiados e, entre eles, alguns muito grandes, os que obrigaram à cedência no início das negociações para a entrada da Turquia na União Europeia. Mas a insistência nesse alargamento, sem atentar nos problemas que um país com numerosa população, de uma religião que alberga correntes hostis, pode trazer, é, como por cá ressoa no Prof. Freitas, enterrar a cabeça para imaginar que o perigo não existe. E preferir hostilizar um Estado-membro observante e contribuinte revela estarem os pés no lugar da cabeça. Por isso se propõe aos chefes das diplomacias europeias, a começar pelo nosso, este desporto, para que revelam grande jeito, ao não conseguirem resistir às pressões dos EUA para que a Turquia entre na UE, o que livrará estes, em termos imediatos, de tutelar um problema de segurança bicudo e criará dificuldadas económicas de integração capazes de pulverizar a pouca competitividade que a Europa ainda brande nos mercados internacionais. Lembrem-se que a Alemanha, que é quem é, ainda não digeriu por completo o Leste unificado.
2 Comments:
At 10:35 PM, vs said…
O que se passou hoje foi uma jogada histórica de política internacional.
Os telefones devem ter 'fervido'.
Em cima da mesa estava o futuro da UE e o futuro do sudeste europeu (e seus limites, que agora vão pela Anatólia dentro).
A Áustria, meu caro, já vinha com a sua 'agenda' e já vinha preparada para ceder, caso conseguisse pressionar os outros 24.
Amanhã falarei sobre isso com mais calma.
foi um dia de antologia para percebermos como são feitas as negociações entre Estados e, mais uma vez, se constata que Maquiavel estava cobertinho de razão.
Mas não se apoquente: a Turquia já está à nossa frente nos índices educativos (!!...ah pois é) e os rapazes fazem parte da NATO desde 1952 e nunca arrebitaram o pêlo.
Na UE, lá para 2015, não vão fazer muitas ondas.
Afinal de contas, o que les querem é exactamente o mesmo que nós queríamos em 1986: dinheiro.
Rios dele.
Recordo ainda que, durante o nosso processo de adesão, os franceses e os alemães foram ao 'tecto' e vieram.
Custou-lhes a engolir o 'sapo'.
As opiniões públicas, especialmente destes dois países (mas não só destes...é preciso não ter a memória curta), não gostaram nadinha da ideia de Portugal entrar....pois era considerado um país rural, pobreta, atrasado, cujos emigrantes 'enxameavam' aos magotes esses países, e cujos homens eram morenos, baixos, barrigudos, de bigode e cuspiam no chão e cujas mulheres eram morenas, baixas, b gordas, usavam bata, tinham bigode e cuspiam no chão.
Temos tendência a esquecer esses tempos em que eramos assim vistos pelos nosso ilustríssimos e limpíssimos parceiros comunitários.
Com a adesão,malgré tout, tudo mudou.
Não há motivo para grandes alarmes.
Da mesma forma que com a nossa adesão a emigração estancou....também a emigração turca, com entrada do país na UE, terá tendência a forte diminuição e, quiçã, a regressão.
Além disso, o governo turco tem agora 10 anos para ir passando a 'mão pelo pêlo' dos seus cidadãos para os preparar para o constante 'baixar de calcinhas'...pois vão ter que reconhecer Chipre, mais aquela dos Arménios e trinta por uma linha.
Apesar das aparências, hoje Ankara cedeu....e muito.
Só não convem dize-lo muito alto.
A Croácia, com esta história toda, é que está de parabens.
A Sérvia, a Bósnia e a Albânia também, de certezinha, estão a festejar já o futuro que agora lhes surge no horizonte.
O que se decidiu hoje, em traços muito gerais foi que: entra toda malta!
;)
ps- Os EUA, esses....coitados...andam 'aleijados' e com a 'crista' caída. Estão à rasca.
Vão voando....mas baixinho.
At 10:56 PM, Paulo Cunha Porto said…
Oh Nelson, só dois detalhes:
quantos éramos nós? Quantos são os turcos?
Havia em Portugal um fundamentalismo religioso anti-ocidente? Não. Logo, o governo não podia ser a ala moderada do que inexistia, não concorda?
Outra coisa: A UE vai arranjar lenha para se queimar se insiste em que o exército turco se remeta às funções dos seus congéneres europeus...
O sucesso da Turquia na NATO, como se sabe, devia-se ao vizinho que tinha a nordeste.
E os EUA, sabe-o melhor do que eu, andam há que tempos a pressionar para que a Europa se abra à Turquia.
A Croácia só é relevante para os austríacos. São poucos, uns e outros.
Abraço
Post a Comment
<< Home